Esse foi o tema debatido em um dos painéis do 10º Congresso GIFE. O diálogo contou com a participação do Programa Cidades Sustentáveis e outras organizações da sociedade civil
Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo
Representantes de organizações da sociedade civil e dezenas de cidadãos participaram do painel Cidades Sustentáveis, promovido nesta quarta-feira (4/4) no âmbito do 10º Congresso GIFE. O foco do diálogo foi procurar responder à pergunta: como o investimento social privado pode contribuir com o tema Cidades Sustentáveis?
O painel contou com intervenções de Jorge Abrahão, coordenador-geral do Programa Cidades Sustentáveis e da Rede Nossa São Paulo, Paula Galeano, da Fundação Tide Setubal, Luis Fernando Guggenberger, do Instituto Vedacit, e Cristina Orphêo, do Fundo Socioambiental Casa.
Na avaliação de Jorge Abrahão, o setor privado poderia fazer muito mais para ajudar a resolver ou minimizar os graves problemas sociais do país. Ele também destacou o papel da sociedade para pressionar o poder público a mudar suas prioridades de gastos e investimentos. “A tomada de decisão do governo [municipal, estadual ou federal] é uma escolha”, argumentou.
Apesar da grave crise que o Brasil e outros países atravessam, segundo o coordenador-geral do Programa Cidades Sustentáveis e da Rede Nossa São Paulo, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aprovados pela ONU constituem, pela primeira vez, uma importante agenda para enfrentar os enormes desafios nas áreas ambiental e social.
Paula Galeano, da Fundação Tide Setubal, relatou algumas das atividades desenvolvidas pela organização, que inclui projetos de apoio ao protagonismo dos movimentos e comunidades periféricas. “A sustentabilidade não vai ocorrer, se os problemas das periferias não forem enfrentados e incorporados às políticas públicas”, alertou ela, antes de exemplificar: “temos dois milhões de pessoas que vivem em favelas na região de São Paulo”.
A construção da cidade do futuro baliza as ações do Instituto Vedacit – uma organização ligada empresa Vedacit e que tem apenas um ano de existência. As informações sobre o Instituto foram dadas por Luis Fernando Guggenberger, que citou os três eixos de atuação da organização: cidades criativas, cidades inteligentes e cidades sustentáveis.
“Mais de 15 milhões de pessoas no Brasil vivem em condições insalubres e inadequadas”, relatou ele, ao citar a moradia popular como uma das áreas de atuação da entidade.
Cristina Orphêo, do Fundo Socioambiental Casa, informou que a organização tem por objetivo facilitar o acesso de pequenos grupos sociais urbanos de base aos recursos necessários para desenvolver seus projetos. Esse trabalho teve início na Região Metropolitana do Recife, onde o fundo apoia 28 grupos. “Com a experiência de três anos no Recife, ampliamos o programa para outras 10 regiões metropolitanas, para apoiar 150 grupos”, informou.
Ela ressaltou que o programa visa fortalecer o protagonismo desses grupos sociais e a articulação para que atuem em rede.
Durante o evento, os demais participantes da roda de conversa puderam apresentar sugestões para responder à questão: como o investimento social privado pode contribuir com o tema Cidades Sustentáveis?
Uma das sugestões é que as empresas de construção civil desenvolvam novas formas de produção que reduzam os resíduos gerados e o impacto ambiental de sua atividade.
Outra é que as empresas olhem para dentro das próprias instituições, questionem como estão trabalhando e promovam ações para reduzir as desigualdades salarias e de oportunidade entre homens e mulheres, negros e brancos, etc..
Sobre o 10º Congresso GIFE
Iniciado nesta quarta-feira (4), o 10º Congresso GIFE “Brasil, democracia e desenvolvimento sustentável” vai até sexta-feira (6) na FecomercioSP, em São Paulo.
Bianual, o evento é referência sobre o tema do investimento social privado e ao longo desses 20 anos reuniu mais de 5 mil pessoas de todos os estados do Brasil e de fora do país para ouvirem e debaterem sobre temas de relevância do setor. O congresso do GIFE se consagrou como um importante espaço de aprendizado, diálogo e troca entre as principais lideranças de investidores sociais do país, dirigentes de organizações da sociedade civil, acadêmicos, consultores e representantes de governos.
“Brasil, democracia e desenvolvimento sustentável”
O Brasil vive hoje, da forma mais dolorosa possível, um momento de mudança de ciclo. Após 30 anos de vivência democrática, lidamos com o desafio de fazer coletivamente o balanço preciso dos avanços e limites desse percurso e traçar os caminhos para uma nova agenda pública comum, que possa levar-nos adiante e que aponte a trilha de desenvolvimento desejada para o país.
Esta não é tarefa de nenhum ator ou setor em particular, mas de toda a sociedade brasileira. Cabe a todos o chamado de perguntar-se a contribuição possível para essa construção: somando recursos e práticas de atuação, ajudando a fortalecer nosso tecido social e canais de ação coletiva, mobilizando energias e competências para a produção de soluções novas na nossa pauta social, política, econômica e ambiental.