Tucano inaugurou paradas incompletas do monotrilho da linha 15-prata em SP
Mariana Zylberkan – Folha de S. Paulo
Inauguradas no último dia de Geraldo Alckmin (PSDB) no cargo de governador de São Paulo, quatro estações da linha 15-prata do monotrilho só foram liberadas para o lançamento horas antes do evento, ocorrido na manhã desta sexta (6). O Corpo de Bombeiros fez uma vistoria de última hora para a abertura.
A conclusão às pressas das paradas São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União, que deveriam ter ficado prontas em 2012, repetiu a condição de outras estações de metrô entregues nesta semana. Em 74 dias deste ano eleitoral, Alckmin inaugurou mais estações (10) do que nos seis anos anteriores (9).
A Folha esteve nos quatro endereços do monotrilho inaugurado pelo governador nesta sexta-feira e não encontrou extintores de incêndio nas plataformas nem nos acessos que devem ter intensa circulação de passageiros.
O Metrô afirma que as quatro estações estão equipadas com extintores e mangueiras de combate a incêndio e que elas foram vistoriadas e aprovadas pela corporação. O Corpo de Bombeiros diz que a vistoria não teria sido aprovada sem os equipamentos.
A aprovação emitida pelos bombeiros é um documento obrigatório para inaugurações de locais públicos. Na vistoria, eles checam os equipamentos de combate a incêndio e rotas de fuga.
PRESSA
Além da vistoria de última hora, a correria para terminar as obras a tempo de Alckmin entregá-las ficou evidente nas falhas de acabamento.
Pisos, corrimões e escadas rolantes ainda estavam cobertos de poeira da obra durante a visita de inauguração.
Havia fios e conduítes soltos, e a parte de paisagismo seguia pendente —mudas de árvores estavam nos canteiros sem terem sido plantadas.
A estação Camilo Haddad era a mais problemática. Um dos acessos, no lado par da av. Professor Ignácio de Anhaia Mello, não ficou pronto a tempo. Passageiros tinham que atravessar a avenida se quisessem entrar na estação pela única entrada aberta. “Ainda teremos um processo de finalização”, disse Clodoaldo Pelissioni, secretário de Transportes Metropolitanos.
A calçada ao lado do acesso que não ficou pronto a tempo mais parecia um canteiro de obras: estava repleta de entulhos e máquinas.
Na mesma estação, o bicicletário estava fechado —e nem mesmo os paraciclos estavam instalados. As peças de ferro utilizadas para prender as bicicletas estavam amontoadas em um canto.
Uma mesa com garrafa de café dos operários ainda estava no espaço logo após a passagem do governador.
O bicicletário da Vila Tolstói também estava fechado e foi usado como depósito —onde foi guardada uma placa de sinalização ainda embrulhada no plástico.
As novas estações vão funcionar em operação de testes até junho, segundo o governo Alckmin. Neste período, vão abrir diariamente das 10h às 15h, sem cobrança de tarifa.
O Metrô diz que os problemas apontados não comprometem a segurança nem o funcionamento das estações.
ÀS PRESSAS
Eucaliptos (5-lilás)
> Previsão inicial: 2012
> Problemas: ainda não haviam sido instaladas portas de plataforma
Oscar Freire (4-amarela)
> Previsão inicial: 2010
> Problemas: um dos acessos à estação, na av. Rebouças, só será aberto no 2º semestre por causa de uma alteração no solo não prevista
Moema (5-lilás)
> Previsão inicial: 2012
> Problemas: ainda não haviam sido instaladas portas de plataforma
São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União (15-prata)
> Previsão inicial: 2012
> Problemas: havia falhas de acabamento, pisos e escadas ainda estavam cobertos de poeira, um dos acessos à estação Camilo Haddad na av. Anhaia Mello não ficou pronto, e dois bicicletários estavam fechados
ATRASO
As primeiras estações do monotrilho da linha 15-prata —Vila Prudente e Oratório— foram entregues em 2014.
O monotrilho foi projetado inicialmente para chegar até Cidade Tiradentes. Por ora, porém, o governo planeja prolongá-lo apenas até São Mateus. Segundo o secretário Pelissioni, mais três estações serão inauguradas até junho.
Estava prevista para esta sexta-feira também a entrega de mais uma estação da linha, a Vila Planalto, mas a empresa responsável atrasou as obras e não deu tempo, segundo a gestão tucana.
Na tarde desta quinta-feira (5), para terminar as estações do monotrilho a serem inauguradas no dia seguinte por Alckmin, operários se preparavam para encarar turnos madrugada adentro.
A correria fez com que as estações Moema (entregue na quinta) e Eucaliptos (no começo do mês), da linha 5-lilás, e a estação Oscar Freire, da linha 4-amarela, fossem inauguradas com falhas.
Nas duas primeiras, ainda falta instalar as portas de plataforma, item de segurança previsto em projeto.
Na Oscar Freire, aberta na quarta (4) por Alckmin, um dos acessos só vai ser entregue no segundo semestre.
Segundo o governo, as portas não foram instaladas por atrasos da empresa Bombardier. Sobre o acesso na estação da linha 4, a gestão disse que uma alteração no piso, mais mole do que esperado, não foi prevista em projeto.
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.