Análise da pesquisa “Qualidade de Vida”

Levantamento integra a séria “Viver em São Paulo”, que mensalmente divulga dados sobre a percepção dos paulistanos em relação a temas importantes que afetam a vida na cidade. 

Por Américo Sampaio, gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo

Foto: Assessoria de Imprensa do Tribunal de Contas do Município de São Paulo.

Qualidade de vida

pesquisa “Qualidade de Vida”, divulgada nesta quarta-feira (23/1) pela Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência, em parceria com o Sesc São Paulo, revela uma sensível melhora no grau de satisfação do paulistano em relação à qualidade de vida na cidade. A nota média atribuída pelos pesquisados a esse indicador é de 6,3, número levemente superior ao ano anterior, quando registrou 6,0.

A pequena elevação da nota acompanha a avaliação dos entrevistados em relação às mudanças que sentiram na cidade nos últimos 12 meses. Para 24% dos paulistanos, a qualidade de vida melhorou no último ano, ante 21% registrado no ano anterior (2017). Por outro lado, 32% dos entrevistados dizem que a qualidade de vida piorou, frente a 39% que afirmavam o mesmo em 2017. E permanece quase estável a parcela da população que avalia não ter melhorado nem piorado no último ano: 43% esse ano, contra 41% em 2017.

Mesmo com a pequena elevação positiva da avaliação dos paulistanos em relação à qualidade de vida, aumentou dentro da margem de erro o número de paulistanos que afirmam que, se pudessem, sairiam da cidade. Esse ano a pesquisa registra que 63% dos paulistanos sairiam da cidade, se tivessem essa possibilidade. No ano passado, o índice era 61%.

Saúde

Segundo a pesquisa, 56% dos entrevistados avaliam negativamente a atuação da administração municipal na área da saúde. Destacam-se neste grupo os paulistanos mais velhos, mais ricos e mais escolarizados.

Segue a tendência de crescimento de entrevistados, ou de alguém da família, que utilizaram serviços de saúde pública na cidade nos últimos 12 meses: 86% dos paulistanos afirmam ter utilizado, o que representa crescimento de dois pontos percentuais em relação à pesquisa anterior (2017).

Quando analisamos estes dados regionalmente, destacam-se os moradores da região oeste, que tiveram crescimento de 13% em relação ao ano anterior.

O perfil majoritário dos usuários dos serviços públicos de saúde na cidade é formado por mulheres, com mais de 55 anos, ensino médio e renda familiar de até dois salários mínimos.

Dos oito serviços básicos de saúde testados na pesquisa, três tiveram aumento significativo na utilização dos paulistanos em relação ao ano anterior: consultas com especialistas (aumento de 48% para 53%), internação e intervenções cirúrgicas (de 18% para 23%) e serviços de psiquiatria e saúde mental (de 8% para 13%). Ou seja, registraram aumento de 5 pontos percentuais no índice de utilização.

O índice de entrevistados que afirmam possuir plano de saúde cai dentro da margem de erro, se comparado ao ano passado, de 33% (2017) para 31% (2018).

Destaca-se também o fato de continuar em elevação o tempo médio que os paulistanos levam entre a marcação e a realização de procedimentos básicos no serviço público de saúde. Em 2017, os paulistanos levavam em média 160 dias entre o agendamento e a efetiva consulta médica. No atual levantamento, o índice registra 167 dias. Aumento mais significativo pode ser observado em relação à realização de exames. Em 2017, os entrevistados afirmavam que o tempo médio para conseguir esse serviço na rede pública era de 161 dias. Agora, o tempo é de 184 dias. E, por fim, o tempo médio para realizar procedimentos mais complexos, como internações e intervenções cirúrgicas, passou de 359 dias (2017) para 371 dias (2018).

Educação

Segundo a pesquisa, 51% dos entrevistados avaliam negativamente a atuação da administração municipal na área da educação. Destacam-se neste grupo os paulistanos mais jovens, mais ricos e mais escolarizados.

Caiu 9% o número de paulistanos que precisaram esperar mais de 6 meses para conseguir uma vaga em creche, de 56% (2017) para 47% (2018).

Confiança nas instituições

Cresce a confiança em todas as instituições avaliadas, interrompendo tendência de queda observada desde 2013. Destacam-se, porém, as instituições que tiveram aumento de 10% ou mais no índice de confiança dos paulistanos em relação ao ano anterior: Poder Judiciário (crescimento de 11%), Ministério Público (crescimento de 10%), CET (crescimento de 10%) e Câmara Municipal (crescimento de 10%).

As instituições em que os paulistanos mais confiam são: Metrô (58%), SABESP (52%), Conselho Tutelar (50%) e a Polícia Militar (50%).

Em relação às principais instituições municipais, 28% dos paulistanos afirmam confiar na Prefeitura, frente a 61% que afirmam não confiar. Já 21% dos entrevistados afirmam confiar na Câmara Municipal, ante a 67% que afirmam não confiar. E 27% dos paulistanos dizem confiar nas subprefeituras, contra 60% que não confiam.

Na pesquisa desse ano foi resgatada uma pergunta da série histórica de 2015, que pede a avaliação dos paulistanos sobre como cada uma das instituições listadas contribui para o aumento da sua qualidade de vida. A igreja, com 19% de menções, é a instituição que mais contribui para a melhoria da qualidade de vida. Em seguida vem a Prefeitura de São Paulo, com 17%, e em terceiro lugar estão os meios de comunicação, com 15%. As ONGs que trabalham nos bairros dos entrevistados registram 14% de menções.

As instituições que menos contribuem para o aumento da qualidade de vida, segundo os entrevistados, são: subprefeituras, conselhos municipais, prefeito de São Paulo, Câmara Municipal, empresas públicas e partidos políticos (todas elas com 5% ou menos de menções).

Vale destacar o fato de um quarto dos entrevistados (26%) afirmar que nenhuma das instituições listadas na pesquisa contribui para a melhoria de sua qualidade de vida na cidade.

Apenas 15% dos paulistanos avaliam como ótima ou boa a atuação da atual administração municipal, mantendo o mesmo patamar do ano passado. A avaliação ótima/boa da atuação das subprefeituras também se manteve quase estável, passou de 12% (2017) para 13% (2018). O mesmo caminho segue a Câmara Municipal: somente 8% dos paulistanos a avaliam como tendo uma atuação ótima ou boa.

No entanto, caiu a avaliação negativa do parlamento municipal. No ano passado, 67% dos paulistanos avaliavam a Câmara como ruim ou péssima, enquanto na pesquisa desse ano o índice cai para 59%, o que representa uma queda de 8%.

A pesquisa revela que 93% dos paulistanos não participaram de nenhuma atividade pública na Câmara de Vereadores no último ano. Além disso, 64% da população não se lembra em quem votou para o cargo de vereador de São Paulo nas eleições de 2016. Esse índice é 9% pontos percentuais maior do que o registado no ano passado, quando 55% afirmou não se lembrar em quem votou na última eleição para o legislativo municipal.

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