Análise da pesquisa Trabalho e Renda

Levantamento integra a séria “Viver em São Paulo”, que foi iniciada em 2018 e mensalmente tem divulgado dados importantes sobre a percepção dos paulistanos. 

Por Américo Sampaio, gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo

Renda

Divulgada nesta terça-feira (19/2) pela Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência, a pesquisa Trabalho e Renda revela que subiu de 47% para 52% o índice de moradores da capital paulista que avaliam ter mantido sua renda pessoal estável nos últimos 12 meses.

Clique aqui e confira a apresentação da Pesquisa.

A comparação com o levantamento divulgado em 2018 mostra também que o percentual dos paulistanos que consideram ter havido diminuição em sua renda caiu de 37% para 31%.

Os dados não significam necessariamente uma melhora na situação da renda dos moradores da cidade, mas que, pelo menos, a situação parou de piorar.

Embora alguns números representem indícios positivos, um terço dos paulistanos ainda afirmam que sua renda diminuiu no último ano e metade da população diz que sua renda permaneceu estável no mesmo período.

Impacto no orçamento doméstico

Para 43% dos paulistanos – ou seja, 4 em cada 10 –, a alimentação é o item que mais impacta o orçamento doméstico. Em seguida, o item com maior número de menções é aluguel/moradia, com 23%. Outros 15% dizem que seu principal gasto é com saúde (remédios, exames, convênio médico, etc.). Os demais itens não passam de 6% das menções: transporte, educação, lazer e vestuário.

Ocupação e desemprego

Mantém-se estável o percentual de paulistanos ocupados: 6 em cada 10 têm uma ocupação. Destaca-se a redução, dentro da margem de erro, do índice de desempregados, que caiu de 18% para 15% em relação ao levantamento do ano anterior.

No grupo de paulistanos desempregados (15%), 11% estão procurando emprego, ao passo que 4% não estão procurando trabalho. Quando é feita a projeção populacional desse grupo, observamos que cerca de 1,4 milhão de pessoas estão desempregas, sendo 1 milhão procurando emprego e 400 mil que não estão procurando trabalho.

Por mais que a pesquisa revele uma redução no número de desempregados, de 18% para 15%, a diminuição ficou dentro da margem de erro, que é de 3%.

Dessa forma, o destaque fica para o aumento da população empregada com ou sem registro em carteira, que subiu 5% em relação ao ano passado, passando de 29% para 34%.

Desemprego na população jovem

Quando analisamos a população mais jovem (de 16 a 24 anos), observamos que esse segmento representa 28% do total de desempregados na cidade. O índice representa 411.473 jovens, que estão sem emprego na cidade de São Paulo.

Perfil da população desempregada

Do total de desempregados da cidade de São Paulo, cabe destacar o peso que cada parcela da população tem: 56% são homens (800 mil) e 44% são mulheres (600 mil); 55% se autodeclaram pretos e pardos (800 mil) e 45% brancos (600 mil).

Relação confiança nas instituições x emprego

Quando cruzamos os dados relacionados ao emprego/desemprego com a confiança nas instituições, destaca-se o seguinte fato: entre o grupo dos estão empregados, 14% dizem que a igreja é a instituição que mais está contribuindo para melhorar a sua qualidade de vida. Por outro lado, entre a população desempregada esse percentual mais que dobra, subindo para 31%.

Tempo de deslocamento casa-trabalho-casa

O tempo médio de deslocamento dos paulistanos na ida e volta ao local de trabalho é de 1h43min, sendo que 7% deles levam até 30 minutos, 11%, de 30 minutos a 1 hora, 28%, de 1 hora a 1h30min, 13%, de 1h30min a 2h, e 22%, mais de 2 horas. Outros 15% afirmam trabalhar em casa e, portanto, não precisam fazer esse deslocamento. Em resumo, 63% dos paulistanos gastam mais de 1 hora no trajeto casa-trabalho-casa.

Oportunidades de emprego perto de casa

A pesquisa também revela que metade dos paulistanos (48%) diz não haver nenhuma oportunidade de emprego na região onde mora. Para 42% dos entrevistados, existem algumas oportunidades de trabalho perto de suas casas, e para apenas 4% dos paulistanos existem muitas oportunidades.

Mulheres e mercado de trabalho

Mantém-se estável a opinião sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho. Igual ao levantamento do ano passado, a maioria relativa acredita que as mulheres têm menos oportunidades do que os homens: 47% dos entrevistados.

Outros 34% afirmam que as mulheres têm as mesmas oportunidades de trabalho que os homens e 14% avaliam que as mulheres têm mais oportunidades de trabalho do que os homens.

Porém, quando analisamos esse dado por gênero, observamos grandes diferenças. Por exemplo, enquanto 20% dos homens afirmam que as mulheres têm mais oportunidades de trabalho do que os homens, esse percentual cai para 9% entre as mulheres.

Da mesma forma, enquanto 41% dos homens afirmam que as mulheres têm as mesmas oportunidades que os homens, esse percentual é de 27% entre as mulheres.

E, ainda, enquanto 33% dos homens respondem que as mulheres têm menos oportunidades de trabalho que os homens, esse percentual sobe para 60% entre as mulheres.

Os dados demonstram que paulistanos e paulistanas têm uma visão bastante diferente quando o assunto é oportunidade de trabalho para as mulheres.

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