Os resultados da pesquisa “Viver em São Paulo: Direitos LGBTQI+”, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, foram apresentados em evento realizado no dia 18 de junho, no Sesc Avenida Paulista. O encontro contou com debate com a participação de Fernanda Gomes de Almeida, assistente social e trabalhadora do NPJ (Núcleo de Proteção Jurídico Social e Apoio Psicológico), Vitor DiCastro, ator e videomaker, e foi mediado por Felipe de Menezes, historiador e professor de teatro, além de intervenção cultural do Bloco e Coletivo Siga Bem Caminhoneira.
Fernanda falou sobre a dificuldade de mulheres negras lésbicas assumirem sua sexualidade, “se assumir lésbica é um privilégio”, afirmou. A assistente social abordou, também, o agravante de, como mulher negra e lésbica, viver a sexualidade na periferia. “Eu saía da zona Sul para ser lésbica aqui, na avenida Paulista ou no Arouche, eu não era lésbica lá na zona Sul”.
Ainda hoje, a realidade da Fernanda não melhorou, nesse aspecto: “No meu bairro, não posso nem pegar na mão da minha mulher”, relatou. Vitor reiterou essa percepção. “Aqui o mais importante não é ser heterossexual, é ser rico. Só quem tem dinheiro é respeitado”, enfatizou.
A intolerância à população LGBTQI+ apontada na pesquisa (26% das pessoas entrevistadas classificam São Paulo como uma cidade intolerante em relação à população LGBTQI+) também ficou evidente nas falas durante o debate. Vitor, nascido em Caçapava, interior do estado de São Paulo, contou que mudou para a capital com a expectativa de ter mais liberdade para viver a sua sexualidade, mas que a primeira vez que sofreu um ataque homofóbico foi assim que chegou na cidade.
Essa percepção da cidade como intolerante em relação à população LGBTQI+ é agravada por um “fascismo imposto” que acaba por legitimar a violência, “as pessoas mais cruéis”, segundo Fernanda. Na análise de Vitor, as pessoas têm consciência da discriminação que pessoas LGBTQI+ sofrem e têm medo que a “situação se inverta”. Para ele, “o que falta nas pessoas não é informação, é interesse. E essa falta de interesse tem a ver com a falta de empatia, falta de vontade de perder os privilégios, ou o excesso de apego aos próprios privilégios”.
A pesquisa revela que 26% da população paulistana não se informa sobre os direitos LGBTQI+. Os dados indicam que as pessoas que não se informam sobre os direitos da população LGBTQI+ são mais contrárias à lei que criminaliza a LGBTfobia: cerca de 4 em cada 10 são contra.
Felipe ressaltou a importância dos dados apresentados pelo levantamento e das falas das pessoas participantes da mesa para “trazer à tona uma realidade” e para pensarmos “como mudar essa realidade.
A pesquisa “Viver em São Paulo: Direitos LGBTQI+” faz parte da série “Viver em São Paulo”, iniciada em 2018, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência. Os levantamentos são apresentados mensalmente com recorte temáticos.
Leia também:
Apresentação pesquisa “Viver em São Paulo: Direitos LGBTQI+”
Pesquisa “Viver em São Paulo: Direitos LGBTQI+” completa
Saiu na mídia:
Mais da metade dos paulistanos é a favor da criminalização da homofobia e da transfobia
4 em cada 10 paulistanos sofreram preconceito ou presenciaram discriminação contra LGBT
Quatro em cada dez paulistanos sofreram preconceito ou presenciaram discriminação contra LGBT
Maioria dos moradores da Zona Sul são favoráveis a criminalização da LGBTfobia
Rede Nossa São Paulo identifica omissão da prefeitura no combate à LGBTfobia
Quatro em cada dez paulistanos sofreram preconceito ou presenciaram discriminação contra LGBT
Pesquisa aponta que 4 em 10 paulistanos sofreram preconceito por causa da orientação sexual
Quatro em cada dez paulistanos sofreram preconceito ou presenciaram discriminação contra LGBT
40% dos paulistanos já sofreram preconceito ou presenciaram discriminação contra LGBTQI+
Em SP, internet é o meio mais usado para se informar sobre direitos LGBT+