Falta de estrutura das calçadas é o principal incômodo de pedestres em São Paulo

Agosto é marcado pelo Dia Mundial do Pedestre (8). Em contribuição com a reflexão sobre o tema, a Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência realizou a pesquisa inédita “Viver em São Paulo: Pedestre”. O levantamento aborda hábitos, percepções e desafios das paulistanas e paulistanos ao andar a pé na cidade.

Hábitos

Padaria, mercado/feira, farmácia e pontos de ônibus são os principais locais que paulistanas e paulistanos vão exclusivamente a pé – 64%, 59%, 54% e 53% respectivamente.

Em seguida, os locais mais citados são bancos/lotéricas (40%); serviços médicos (31%); igreja (28%); parques/praças (22%); estação de trem ou metrô (21%); levar ou acompanhar parentes a bancos, supermercados, etc (16%); trabalho (16%); levar filhos(as) para escolas/cursos (13%); escola/curso/faculdade (12%); e espaços culturais por último (8%).

Os locais que a população paulistana mais costuma ir exclusivamente a pé são também os que mais indicam que conseguem chegar em uma caminhada de até 15 minutos de casa: padaria (67%); mercado/feira (64%); e ponto de ônibus (61%).

Já farmácia foi citada como local que conseguem chegar em uma caminhada de até 15 minutos de casa por 59%; bancos e lotéricas por 46%; igreja por 41%; serviços médicos por 34%; parques e praças por 30%; estação de trem ou metrô por 24%; escola/curso/faculdade por 18%; posto policial/delegacia/base comunitária ou móvel por 18%; trabalho por 11%; e espaços culturais por apenas 8%.

Percepções

A pesquisa aponta, também, que as calçadas são o principal incômodo das pessoas quando andam a pé pela cidade. Buracos nas calçadas é apontado por 68% das paulistanas e paulistanos; irregularidade das calçadas por 53%; e calçada estreita por 47%.

Já falta de segurança ao atravessar e iluminação insuficiente/inexistente são mencionadas por 39% das pessoas entrevistadas, cada item. Seguidas por sacos de lixos nas calçadas (38%); obstáculos nas calçadas (35%); fiação caída nas calçadas (31%); alta velocidade dos carros nas ruas (28%); falta de acessibilidade (21%); área sem sombra ou local para sentar/descansar (17%); e, por último, quantidade de saídas de garagens (8%).

Moradoras e moradores das regiões Leste (60%), Sul (70%), Oeste (74%) e Norte (72%) reclamam mais dos buracos nas calçadas. No Centro, por sua vez, lideram as reclamações quanto às calçadas irregulares (82%) e buracos nas calçadas (80%).

Ao agrupar em três grandes eixos os aspectos que incomodam a população paulistana ao caminhar pela cidade, nota-se que é maior o número de menções àqueles que fazem alusão à estrutura (86%).

Este eixo é composto por: buracos nas calçadas; irregularidade das calçadas (degraus, rampas, falta de continuidade); calçada estreita; falta de acessibilidade (rampa, piso tátil e semáforos sonoros); e área sem sombra ou local para sentar/descansar.

Porém, os outros dois eixos, segurança e obstáculos, têm 65% das menções cada. Segurança inclui os itens: iluminação insuficiente/inexistente; falta de segurança para atravessar (ausência de faixas ou semáforo de pedestre, desrespeito dos motoristas); alta velocidade dos carros nas ruas; e quantidade de saídas de garagens. Enquanto o eixo obstáculos é composto por sacos de lixo nas calçadas; obstáculos nas calçadas (postes, carros estacionados, ambulantes); e fiação caída nas calçadas.

Experiências

O levantamento aponta, ainda, que 74% das pessoas entrevistadas já sofreram ou presenciaram queda em calçadas. Já 60% já sofreram ou presenciaram assalto ou agressão física, enquanto pedestres.

Somado a isso, atropelamento e ameaça por motorista são situações citadas por 53% cada. Seguidas de assédio (47%); queda na faixa de pedestres (38%); e queda em bueiros (25%).

Destaca-se o dado de que 10% sofreram ou presenciaram as 7 situações listadas, o que equivale a 980.702 paulistanas(os).

Prioridades

Para 68% da população paulistana, manutenção das calçadas é a ação mais urgente a ser adotada pela administração municipal em relação ao bem-estar de pedestres da cidade.

Manutenção das faixas de pedestres, aumento nos tempos para atravessar a rua e troca/aumento de iluminação pública são citadas como prioridade por 44%. Em seguida, em um patamar próximo, são citadas melhora da acessibilidade (42%); alargamento/ implantação de novos trechos de calçadas (40%); melhora na conexão/ integração com outros meios de transporte e campanhas educativas para motoristas (ambas com 39%).

Já troca/aumento da sinalização para travessia de pedestres e campanhas educativas para pedestres são citadas por 36% e implantação de faixas de pedestres por 30%.

Aprendizados

Observa-se que a atividade pedestre na cidade se dá comumente para realizar atividades cotidianas que podem ser feitas nas proximidades da residência (padaria, mercado, feira, farmácia), em curto espaço de tempo (até 15 minutos), em pequenas distâncias.

Ainda, trajetos a pé configuram também início ou final de deslocamentos para locais mais distantes, que demandam outros modais, como ônibus.

Como pedestres, paulistanas e paulistanos se incomodam mais com aspectos relacionados à estrutura das calçadas (buracos, irregularidades, tamanho insuficiente, problemas na acessibilidade das calçadas). Nesse sentido, há maior demanda pela regularização, manutenção e padronização dos passeios públicos. Essa necessidade urgente pode ser validada pela alta taxa de quedas nas calçadas (vividas, presenciadas ou ambas as situações).

Regionalmente, é possível dizer que o Centro apresenta incômodos e demandas específicas. Em relação ao primeiro, somente no Centro “sacos de lixo nas calçadas” aparecem como um dos três principais itens que incomodam as pessoas que moram na região ao caminharem pela área. Já moradoras e moradores da região Oeste colocam a falta de iluminação no “top 3” dos incômodos.

Quanto à demanda em relação à Prefeitura, é somente na região Leste que a “Melhora na acessibilidade (piso tátil, rampa, semáforos sonoros)” aparece com uma das três principais necessidades quanto ao bem estar da mobilidade de pedestres.

Sobre a pesquisa

Co-construída com organizações de mobilidade a pé e realizada com apoio do MobCidades, a pesquisa inédita “Viver em São Paulo: Pedestre” faz parte da série “Viver em São Paulo”, iniciada em 2018, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência. Os levantamentos são apresentados mensalmente com recorte temáticos.

Participaram da elaboração SampaPé!, Cidade a pé, Cidade Ativa, Corrida Amiga e Pé de Igualdade.

Veja também:

Confira a apresentação da pesquisa “Viver em São Paulo: Pedestre”

Confira a pesquisa “Viver em São Paulo: Pedestre” completa

Compartilhe este artigo