“Precisamos entender a mobilidade como direito, em contraposição à mobilidade como serviço”

Os resultados da pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana” foram apresentados em evento realizado no Sesc Campo Limpo, no dia 10 de setembro. O encontro contou com intervenção cultural do Grupo Esparrama e com debate entre especialistas.

Participaram da mesa Daniel Santini, jornalista, Heloísa Helena de Mello Martins, gerente de Segurança de Tráfego da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), Suzana Leite Nogueira, arquiteta urbanista, com mediação de Carlos Aranha, conselheiro Municipal de Trânsito e Transportes e integrante do grupo de trabalho de Mobilidade da Rede Nossa São Paulo.

O levantamento revelou que 50% deixam de visitar amigas(os) ou familiares sempre ou às vezes por conta do preço da passagem (19% sempre e 31% às vezes). Além disso, 45% deixam de ir a parques, cinemas e outras atividades de lazer (16% sempre 29% às vezes); 40% deixam de fazer consultas médicas ou exames (13% sempre e 27% às vezes); 37% deixam de procurar emprego (13% sempre e 24% às vezes); e 24% ir à escola ou universidade (11% sempre e 13% às vezes).

Para Daniel, é importante entender a “mobilidade como direito, em contraposição à mobilidade como serviço”. Dessa forma, avalia que teríamos “o transporte garantido não só para a pessoa ir e voltar do trabalho, mas para a pessoa ter lazer, ter vida própria, ter conexão com outras pessoas, poder sair e fazer outros deslocamentos na cidade”.

Em consonância com essa visão, Suzana analisa que para “mudar a forma de se deslocar, primeiro é preciso mudar a percepção da cidade”. Para ela, um dos principais fatores que dificultam a forma de deslocamento é a falta de políticas públicas que favoreçam novos hábitos. Considera, ainda, que é importante que tenhamos políticas públicas alinhadas e “não olhar os modais de forma isolada.

A arquiteta defende, também, o entendimento de mobilidade como uma questão de saúde pública. “Quando a pessoa sai e utiliza um Uber, no lugar de uma caminhada ou de uma bicicleta, que não tem o efeito de andar e se apropriar, a gente está deixando de pensar nas políticas de saúde. A nossa população é sedentária e a gente não fala sobre isso”.

Segundo a pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana”, 56% das paulistanas e paulistanos são a favor da “redução das velocidades praticadas nas ruas e avenidas da cidade”. Para Heloísa, esse dado demonstra “que há aderência da população a essa ideia de que a cidade evolui bem a baixas velocidades”. A especialista afirma que “a política de redução das velocidades na cidade e a fiscalização levaram à redução do número de mortos no trânsito a patamares que nunca tinham sido alcançados na cidade”.

“A segurança viária é decorrência direta da prática de baixas velocidades, do controle de fluxo de veículos”, explicou. Reforçando essa visão, Daniel entende que “quando a gente adota políticas que contrariam os números, contrariam análise técnicas, a gente está falando em gente morta”.

Sobre a pesquisa

Realizada com apoio do MobCidades, a pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana” faz parte da série “Viver em São Paulo”, iniciada em 2018, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência. Os levantamentos são apresentados mensalmente com recorte temáticos.

 

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Confira a apresentação resumida da pesquisa

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