Levantamento também revela que transporte público permanece como o local em que as mulheres sentem maior risco de sofrer assédio
A pesquisa “Viver em São Paulo: Mulher”, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, traz dados sobre a qualidade de vida das mulheres na capital paulista e evidencia a desigualdade de gênero na cidade.
Confira os principais resultados.
Divisão de trabalho
A pesquisa aponta que para 45% da população paulistana os “afazeres domésticos são divididos igualmente entre homens e mulheres”. Entre os homens, esse percentual é de 52%. Já entre as mulheres, apenas 39% afirmam que a divisão é igual.
Também, 29% das pessoas entrevistadas afirmam que a “responsabilidade é de homens e mulheres, mas as mulheres fazem a maior parte”.
Cuidado com filhos(as)
Três em cada cinco paulistanas e paulistanos declaram ter filhos(as). Destes(as), quase metade afirma dividir os cuidados parentais igualmente com outra pessoa e ¼ alega ficar mais com o(a) filho(a) do que a outra pessoa cuidadora. Entretanto, as percepções são bem diferentes entre homens e mulheres.
Ao todo, 45% afirmam dividir os cuidados de maneira igual. Entre os homens esse percentual é 55% e entre as mulheres 37%.
Porém, 31% das mulheres ficam mais com o(a) filho(a) do que a outra pessoa que cuida e 17% dos homens afirmam ficar mais com o(a) filho(a). No total da amostra, 25% dizem ficar mais com o(a) filho(a).
Já 13% das pessoas entrevistadas não dividem os cuidados com ninguém (homens 5%, mulheres 18%).
Em comparação com as pesquisas realizadas nos anos anteriores, destaca-se o avanço do percentual de paulistanas que dividem igualmente com outra pessoa os cuidados com o(a) filho(a) – em 2018 eram 12%; em 2019 20%; e em 2020 chegou em 37%.
Além disso, há um recuo na proporção daquelas que não dividem com ninguém: em 2018, 27% das mães afirmavam não dividir os cuidados do(a) filho(a) com ninguém; em 2019, 33%; e em 2020, 18%.
Percepção e combate à violência contra a mulher
A população paulistana nota um aumento nos casos de assédio sexual e violência contra a mulher no último ano, na cidade de São Paulo. Mas, em comparação com os homens, a percepção das próprias mulheres é 18 pontos percentuais mais alta – 64% dos homens afirmam que os casos aumentaram, enquanto 82% das mulheres têm essa percepção.
Aumentar as penas para quem comete violência contra a mulher segue como medida prioritária no combate à violência doméstica e familiar para a população paulistana (48%). Em seguida, a medida prioritária seria “agilizar o andamento da investigação das denúncias”, sendo mencionada por 40% das pessoas entrevistadas; “ampliar os serviços de proteção a mulheres em situação de violência em todas as regiões da cidade”, citada por 39%; e “criar novas leis de proteção à mulher”, apontada como medida prioritária por 34%.
Em outro patamar, aparecem “promover campanhas de conscientização”, com 22% das menções; “fortalecer os serviços de assistência social em todas as regiões” com 21%; “treinar os(as) funcionários(as) para que possam acolher melhor as mulheres que procuram os canais de denúncias”, também com 21% das menções; “criar políticas de segurança comunitária, aproximando a população dos agentes de segurança” com 20%; “melhorar a atuação dos canais de denúncias” 17%; e “divulgar mais a atuação dos canais de denúncias” com 14%.
Violência contra a mulher
(*Esta parte da pesquisa é respondida apenas por mulheres)
Segue em crescimento o número de paulistanas que declara ter sofrido algum tipo de preconceito ou discriminação no trabalho por ser mulher – 31% sofreram algum tipo de preconceito ou discriminação. Em 2019, esse valor era 24% e em 2018 19%.
O transporte público permanece como o local em que as mulheres sentem maior risco de sofrer algum tipo de assédio (46%); seguido de rua (24%). Em outro patamar, bares e casas noturnas são citados por 8% das mulheres; pontos de ônibus por 7%; trabalho por 5%; transporte particular (como táxi, Uber, Cabify, Easy e 99) por 3%; e ambiente familiar, também, por 3%.
Corroborando esse sentimento de risco, confirma-se a tendência de crescimento do assédio em todas as situações avaliadas, sendo assédio no transporte coletivo (43%) e importunação sexual (31%) como os mais frequentes.
Além disso, 22% das mulheres entrevistadas já sofreram assédio dentro do ambiente de trabalho; 14% no ambiente familiar; 10% dentro de transporte particular.
Ou seja, 63% das paulistanas já sofreram algum tipo de assédio.
Em relação a denúncias de casos de assédio e/ou violência, 3 em cada 10 paulistanas afirmam que se sentiriam mais à vontade para denunciar através de aplicativos de celular, como o Clique 180 e o Mete a Colher. Já 25% declaram se sentir mais à vontade para denunciar pelo telefone em centrais de atendimento; e 21% presencialmente em delegacias voltadas para as mulheres.
Sobre a pesquisa
A pesquisa “Viver em São Paulo: Mulher” faz parte dá série “Viver em São Paulo”, iniciada em 2018 e realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência. Os levantamentos são apresentados com recortes temáticos.
Confira a apresentação da pesquisa ou a pesquisa completa e saiba mais sobre os resultados.