Conversa foi realizada a partir de resultados da pesquisa Viver em São Paulo: Especial Pandemia
Com mediação da coordenadora da Rede Nossa São Paulo, Carolina Guimarães, Patricia Pavanelli, diretora de políticas públicas do Ibope Inteligência, e Jorge Abrahão, coordenador geral do Instituto Cidades Sustentáveis, refletiram sobre os impactos da pandemia na vida dos cidadãos paulistanos, em transmissão ao vivo na terça-feira (9), que abordou dados da segunda parte da pesquisa Viver em São Paulo: Especial Pandemia.
“Esses dados nos direcionam para o que precisamos fazer daqui para frente, de alguma maneira”, afirma Patricia, após apresentar os resultados da pesquisa que foi realizada entre os dias 21 de maio e 01 de junho, com 800 internautas de 16 anos ou mais das classes A, B e C (a pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais).
Veja dados da pesquisa completa.
Foi destacado, durante a live, a redução do número de pessoas que apoiam as políticas públicas em relação à pandemia dos governos estaduais e federal. Em relação à primeira rodada, os percentuais de quem acredita que as medidas do Ministro da Saúde, do Governador de São Paulo e do Prefeito caíram de 71% para 53%; de 68% para 51% e; de 68% para 51%, respectivamente.
Tendo o Brasil se tornado o centro da pandemia global, Jorge destacou a importância de ouvir as pessoas que moram na cidade mais rica e complexa da América Latina, para que seja possível criar ações de curto prazo e também para a criação de políticas públicas.“Para o bem e para o mal, a política é que pode resolver os problemas em escala de enfrentamento da pandemia”, diz Jorge. “Na mesma medida que a crise se agrava, é possível notar um desalinhamento da população com a política”, analisa, lembrando que o Brasil ainda não atingiu o pico na curva de infectados e que os efeitos das decisões políticas são grandes.
“A gente não pode esquecer que nas periferias as pessoas não têm local adequado para fazer o isolamento”, diz Patrícia ao ressaltar que, para 87% dos paulistanos, a pandemia deixou claro que a cidade de São Paulo precisa investir na redução das desigualdades. A partir daí, ela também lembrou das principais mudanças causadas pela pandemia e pelo isolamento social na relação com o bairro onde moram: 46% responderam que passaram a dar mais valor ao comércio e aos prestadores de serviços locais; 30% passaram a prestar mais atenção aos serviços públicos disponíveis e aos que faltam no bairro; e 27% conheceram ou compraram em estabelecimentos comerciais que não conheciam antes.
Ao mesmo tempo, ela faz uma observação sobre a importância de olhar para a cidade como um todo, pois “precisamos tomar cuidado se este olhar para o bairro não nos colocará em uma bolha dentro da nossa bolha”.
Jorge afirma que o Estado é quem pode contribuir para solucionar questões tão profundas, que implica na morte das pessoas e que a população tem uma visão crítica sobre as medidas que estão sendo tomadas: “A política não deveria tentar responder à outras demandas que não a emergência que a gente tem diante da crise sanitária”.