Receio de uma segunda onda de casos que traria a volta ao isolamento social e a permanência do desemprego e recessão por vários anos são os principais medos dos internautas paulistanos em relação ao “novo normal”
A terceira rodada da pesquisa “Viver em São Paulo: Especial Pandemia”, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com IBOPE Inteligência, entre os dias 18 e 28 de julho, traz dados sobre a experiência da pandemia de coronavírus e do isolamento social entre os internautas das classes A, B e C da capital paulista.
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Aumentar o investimento do SUS e criar políticas de proteção econômica à população mais vulnerável, os trabalhadores autônomos, domésticos e informais devem ser priorizadas pela administração municipal para que a cidade de São Paulo supere a crise gerada pela pandemia do coronavírus.
Se a pandemia e o isolamento social se estenderem por mais vários meses as maiores preocupações dos internautas paulistanos continuam sendo a falta de convivência com familiares ou amigos por tanto tempo e não conseguir tratamento médico para doenças não relacionadas ao coronavírus (apresentando uma variação de 44% para 46% e de 41% para 38%, respectivamente, entre as rodadas de junho e julho). A preocupação em perder o emprego atual recua 5 pontos percentuais (p.p.) na comparação com o estudo anterior, chegando a 29%; não conseguir um emprego oscila de 28% para 29%. Considerando somente esta pesquisa, 45% dos moradores da região Oeste se preocupam em não conseguir tratamento médico para doenças não relacionadas ao coronavírus, já no Centro sobe para 39% aqueles que se preocupam em perder o emprego atual e 36% têm receio de não poder viajar. Ademais, na região Norte destacam-se 27% que temem que os filhos fiquem tanto tempo sem conviver com familiares ou amigos e 23% se preocupam com o tempo em que seus filhos ficarão sem fazer atividades físicas ao ar livre.
Veja como foram as rodadas anteriores da pesquisa Viver em São Paulo: Especial Pandemia.
Tratando-se das principais mudanças causadas pela pandemia e pelo isolamento social na relação com o bairro onde moram, 45% respondem que passaram a dar mais valor ao comércio e aos prestadores de serviços locais, apresentando uma oscilação de 1 p.p. na comparação com o resultado anterior; 32% dizem prestar mais atenção aos serviços públicos disponíveis e aos que faltam no bairro (eram 30% em junho). Em outro patamar, passando de 27% para 23%, estão aqueles que conheceram ou compraram em estabelecimentos comerciais que não conheciam antes; registrando queda de 8 p.p., 19% passaram a caminhar mais pelas ruas do bairro; 11% ficaram interessados em participar das decisões políticas do bairro (eram 15% na rodada passada) e 4% usaram os serviços de saúde pública do bairro pela primeira vez, em junho 6% o fizeram. Para um terço dos internautas respondentes nada mudou na relação com o seu bairro durante a pandemia, percepção que oscila 2p.p. para cima entre os dois últimos levantamentos.
Apesar de 84% dos internautas pesquisados não terem empregadas domésticas mensalistas ou diaristas, entre aqueles que têm: 35% dispensaram e não retomaram ainda por esperarem o melhor momento; 23% dispensaram e já retomaram, mas numa frequência menor; 9% dispensaram e retomaram como era antes; mesma parcela dispensou e não pretende retomar para cortar custos; 6% dispensaram e não pretendem retomar pois já se acostumaram a fazer tudo sozinhos e, são 18% aqueles que não dispensaram suas empregadas domésticas mensalistas ou diaristas. Considerando o levantamento atual, no comparativo das regiões observa-se: na região Sul 43% dos respondentes dispensaram as empregadas domésticas mensalistas ou diaristas e não retomaram ainda por esperarem o melhor momento; na Norte, 40% dispensaram e já retomaram, mas numa frequência menor; na região Oeste destaque para 29% que dispensaram e retomaram como era antes e no Centro, são 18% os que dispensaram e não pretendem retomar, pois se acostumaram a fazer tudo sozinhos.
Quando questionados sobre sua contribuição pessoal no enfrentamento da pandemia com alguma instituição ou iniciativa da sociedade civil, 41% afirmam que doaram ou contribuíram de alguma forma, sendo que 36% desses pretendem continuar doando/contribuindo e 5% não pretendem mais doar/contribuir. Em contrapartida, são 38% aqueles que não doaram, nem contribuíram, dado que 26% alegam que ainda pretendem doar ou contribuir de alguma forma e 12% não pretendem. Aqui, 21% optaram por não responder.
Cerca de três em cada cinco internautas paulistanos (62%) afirmam não ter deixado de fazer o isolamento social nas últimas semanas, ao passo que quase um terço deixou (32%). Entre os moradores da região Sul 41% deixaram de fazer o isolamento social na última semana.
As principais razões apontadas para permanecerem em isolamento social são: continuar saindo apenas para realizar atividades essenciais (68%), não confiar nos dados que embasam a reabertura de estabelecimentos e, por isso, ter medo de voltar a frequentar esses lugares (42%, sendo que na região Oeste somam 62%) e fazer parte do grupo de risco (32%, são 43% entre os moradores do Centro).
Ademais, 20% dizem estar bem adaptados a trabalhar de casa, 8% estão bem adaptados a praticar atividades físicas em casa e 7% estão bem adaptados a estudar em casa. Dentre as atividades realizadas nas últimas semanas, 41% alegam ter frequentado o comércio de rua – número que vai a 48% entre aqueles que vivem na região Leste; 34% trabalharam fora de casa – atingem 43% entre moradores do Centro; 16% fizeram algum tratamento médico ou dentário; 14% frequentaram o salão de beleza ou algum outro serviço de beleza; 9% frequentaram bares e restaurantes, igual parcela diz ter feito atividades físicas em espaços públicos; 7% frequentaram shopping-centers e 2% fizeram atividades físicas em academia ou outros estabelecimentos privados, enquanto 19% afirmam terem outras atividades que não as listadas. Somam 11% aqueles que não saíram de casa nas últimas semanas.
Ao comparar as atividades realizadas entre aqueles que deixaram de fazer o isolamento social ou que já não estavam fazendo e aqueles que permaneceram em isolamento social nas últimas semanas é possível notar que dentro deste segundo grupo, 34% declaram ter frequentado o comércio de rua, 23% afirmam ter trabalhado fora de casa e 24% podem ter realizado outras atividades, de forma que somente 17% reafirmaram não ter saído de casa nas últimas semanas.
Quase a totalidade daqueles que saíram para realizar alguma atividade nas últimas semanas dizem estar usando a máscara como medida de proteção (92%), cerca de quatro em cada cinco respondentes aplicam álcool em gel nas mãos e nos objetos constantemente (81%, indo a 91% entre os que vivem na região Oeste) e sete em cada dez respeitam a distância mínima em relação a outras pessoas (72%). Outras medidas tomadas para se proteger do coronavírus, mas menos frequentes, são: andar mais a pé para se deslocar no dia a dia (32% – mais praticada por quem vive no Centro, 40%); usar mais o transporte individual (carro ou moto) para se deslocar e escolher horários alternativos para sair de casa (citadas por 25%, cada uma); usar mais a bicicleta para locomoção (2%). Ainda, 1% dos respondentes alegam que não estão tomando nenhuma medida para se proteger.
Consultados sobre o maior medo ao retornar para o “novo normal”, as alternativas mais citadas são o receio de que uma segunda onda de casos os faça voltar ao isolamento social (36%) e o desemprego e a recessão continuarem por vários anos (30%). Com menor número de menções estão: o transporte público lotado (10%), o discurso/posicionamento dos políticos com o intuito de ganhar votos (6%), a desinformação/ fake news (5%), a perda da solidariedade que se fez presente durante a pandemia (4%), a polarização de opiniões e ideias (2%) e as pessoas priorizarem o transporte privado (Táxi/Uber/Carro de aplicativo, etc) como meio de transporte (1%). O receio de voltar a comprar de grandes lojas e grandes produtores não atinge 1% das menções. Os respondentes que afirmam não ter medo somam 6% e os que preferem não responder à questão chegam a 1%.
Quando a pandemia passar e o isolamento social não for mais necessário, 41% dos respondentes pretendem se deslocar mais a pé, 19% pretendem usar mais o carro no dia-a-dia e 17% usariam mais a bicicleta (eram 38%, 16% e 20%, respectivamente, na pesquisa de junho). Por outro lado, 30% pretendem usar menos o ônibus, 27% querem diminuir o uso de trem/ metrô e 19% têm intenção de usar menos Táxi/Uber/Carro de aplicativo nos deslocamentos cotidianos (na rodada passada eram 26%, 24% e 19%, respectivamente). Considerando apenas aqueles que já usavam o meio de transporte no seu dia-a-dia, a prioridade em usar o carro em seus deslocamentos diários após a pandemia cresceu 5 pontos percentuais. Neste levantamento, entre os moradores do Centro, 52% querem andar mais a pé e 30% pretendem usar mais a bicicleta para se deslocar depois que a pandemia passar.
Convidados a eleger as três medidas que a que a prefeitura está tomando ou poderia tomar para garantir a segurança na utilização do transporte público, a higienização do transporte com maior frequência e aumentar a quantidade/ a frota de ônibus em circulação são as mais citadas, com 41%, cada uma. Permitir somente o acesso de pessoas usando máscara no transporte público é mencionada por 31% dos internautas paulistanos, chegando a 42% entre os moradores do Centro. Já em outro patamar são citadas: adotar o uso obrigatório de máscaras e medir a temperatura de todos os funcionários a bordo do transporte público (23%); limitar a ocupação de pessoas no transporte público (22% – indo para 30% entre aqueles que vivem na região Oeste) e manter os ambientes ventilados, evitando circular com as janelas fechadas (20%). As demais medidas têm até 10% de respostas. Um em cada dez paulistanos afirma não se sentir seguro em utilizar o transporte público com nenhuma medida.
Sobre as medidas que devem ser priorizadas pela administração municipal para que a cidade de São Paulo supere a crise gerada pela pandemia do coronavírus, aumentar o investimento do SUS (48%) e criar políticas de proteção econômica à população mais vulnerável, os trabalhadores autônomos, domésticos e informais (45%) são as mais citadas pelos internautas paulistanos. Combater as desigualdades sociais (32% – atingindo 39% entre os moradores do Centro), criar políticas de garantia de empregos (28%) e apoiar o pequeno empreendedor (26%) aparecem na sequência. As demais menções atingem até 14% e somam 3% os que não sabem ou não respondem essa pergunta.
O Governo do Estado de São Paulo prevê a volta às aulas presenciais a partir de 8 de setembro nas áreas e municípios que estiverem na fase amarela. Neste contexto, 63% mostram-se contrários à retomada, enquanto 26% são favoráveis e 11% não sabem ou são indiferentes a esta questão. Na região Oeste, 74% colocam-se contra o retorno das aulas em São Paulo no próximo mês. Os principais motivos por serem contra a retomada das aulas presenciais são: não vale a pena arriscar a saúde dos estudantes, professores e outros profissionais da área e não acreditar que conseguirão manter o distanciamento social entre as crianças pequenas, mencionados por 61% e 58%, respectivamente. Em menor proporção citam que a rede de ensino não tem como garantir a higienização adequada dos ambientes (43%), que não há ainda protocolos específicos ou claros para garantir a segurança e a saúde dos estudantes e professores (34%), que vai aumentar a quantidade de pessoas circulando pela cidade (32%, chegando a 45% entre moradores da região Oeste e 40% entre os da Sul), que vai aumentar a quantidade de pessoas no transporte público (31% – preocupam 43% daqueles que vivem na região Oeste), que não há tempo hábil para que a rede de ensino adapte sua estrutura para garantir a segurança de estudantes e professores (29%), que não acreditam no sistema de revezamento de alunos na retomada das aulas presenciais (26%, atinge 40% dos moradores do Centro) e porque acham que o ano letivo já está perdido (25%). Em tempo, 16% fazem menção aos educadores não estarem preparados para lidar com os reflexos da quarentena nos alunos e 15% acham que a retomada das aulas presenciais considera um menor número de horas/aula e os alunos continuarão sendo prejudicados; ambos se destacam entre os internautas que moram no Centro com 34% e 25%, respectivamente. Aqueles que não sabem ou não respondem essa pergunta totalizam 1%.
Já o motivo que mais representa a favorabilidade à retomada das aulas presenciais é o entendimento de que as aulas presenciais voltarão aos poucos, por fases, garantindo a segurança e a saúde dos estudantes, professores e outros profissionais da área, sendo apontado por quase dois terços dos respondentes (65% – é ainda mais expressivo entre moradores da região Sul, onde atinge 78% das menções). Em outro patamar, 37% citam que a rede de ensino considera um sistema de revezamento de alunos, garantindo menor número dentro da sala de aula e menor circulação durante os períodos; 35% mencionam que as pessoas, tanto as crianças, quanto jovens e adultos precisam estudar, mesma parcela que cita que é preciso retomar a normalidade, preservando a saúde mental das crianças pequenas; para 27% os pais precisam trabalhar; para 18% não se pode correr o risco de perder o ano letivo e, por fim, 12% acreditam que a pandemia em São Paulo já esteja no final. Nesta pergunta, 2% preferem não responder.
Comparando as percepções entre os moradores de cada região, no Centro, 47% acreditam que a rede de ensino considera um sistema de revezamento de alunos, garantindo menor número dentro da sala de aula e menor circulação durante os períodos e, para 44% a pandemia em São Paulo já está no final; na Oeste,metade dos moradores acham que os pais precisam trabalhar, 48% mencionam que é preciso retomar a normalidade, preservando a saúde mental das crianças pequenas e 45% acham que o sistema de revezamento de alunos garante menor número dentro da sala de aula e menor circulação durante os períodos, mesma parcela que cita que as pessoas – crianças, jovens e adultos – precisam estudar; por fim, metade dos respondentes que vivem na região Sul, acreditam que o sistema de revezamento garantirá um menor número de pessoas na sala de aula e circulando pelas escolas.
Com relação a opinião dos internautas paulistanos sobre a atuação da sociedade civil – associações de moradores, ONGs, e outras instituições – no enfrentamento da pandemia na cidade de São Paulo, 28% acham que foram desenvolvidas ações que devem ser fortalecidas ou mantidas, para 23% as ações desenvolvidas foram fundamentais para complementar a ausência de medidas da administração municipal (percepção de 33% dos respondentes da região Oeste), 17% acredita que foram desenvolvidas ações importantes, assim como em outros momentos de crise, 6% dos respondentes creem que a sociedade civil não deveria ter atuado, pois é obrigação da administração municipal atuar nesses momentos de crise e 3% acham que as ações desenvolvidas foram para se valorizar, pois a administração municipal consegue enfrentar a pandemia sem esse apoio. Dois em cada cinco internautas (22%) não responderam à pergunta.
Percepções gerais sobre política, relaxamento do isolamento social e reabertura da economia
Foram apresentadas algumas frases para que os respondentes apontassem o grau de concordância com cada uma delas. Considerando os percentuais de concordância (total ou parcial), nota-se que:
- É importante que os gestores públicos estejam atentos a medidas bem sucedidas em outras cidades para pensar em soluções locais: 91%.
- A pandemia deixou claro que a cidade de São Paulo precisa investir na redução das desigualdades: 85% (eram 87% em junho).
- É essencial que as decisões políticas sejam baseadas em conhecimentos científicos e técnicos: 84%.
- Após a pandemia, a cidade de São Paulo deve investir mais em um sistema de transporte que priorize deslocamentos de bicicleta e a pé: 68% (eram 70% em junho).
- Durante a pandemia deveriam ser aprovadas apenas legislações emergenciais: 58%
- As mulheres foram as mais impactadas pelos efeitos da pandemia: 46%
- A liderança política do prefeito de São Paulo foi essencial para responder rapidamente os problemas causados pela pandemia: 45%
- As pessoas vão seguir e respeitar os protocolos de segurança necessários no contato com outras pessoas: 38%
- A cidade de São Paulo deve reabrir o comércio em horário normal, mesmo correndo o risco de uma nova onda de contágio por coronavírus: 30%
- Já está na hora de relaxar o isolamento social na cidade de São Paulo, pois o pior da pandemia já passou: 21% (eram 24% em junho).
Dados da pesquisa
Nome da pesquisa: Viver em São Paulo – Especial Pandemia – Terceira rodada
Contratante: Rede Nossa São Paulo
Execução: IBOPE Inteligência
Período de campo: 18 a 28/07/2020
Universo: Internautas da cidade de São Paulo com 16 anos ou mais das classes A, B e C.
Amostra: 800 entrevistas
Margem de erro: 3 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra.