Levantamento feito pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência traz dados sobre o deslocamento na cidade e o impacto da pandemia no dia a dia da população paulistana
No dia 15 de outubro, foi lançada a pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana”, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência. O levantamento revelou que, mesmo com o isolamento social, 26% da população paulistana gasta mais de duas horas em deslocamento. Também mostrou que 69% das pessoas que usam carro deixariam de usá-lo caso houvesse uma boa alternativa de transporte público.
Veja mais destaques da pesquisa
Os dados de percepção de paulistanas e paulistanos acerca de questões relacionada à mobilidade evidenciam demandas da população e, assim, servem de insumo para elaboração de políticas públicas.
O atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), disse que “a pandemia de Covid-19 trouxe grandes desafios para o poder público no gerenciamento de transporte público”. Covas afirmou que “a Prefeitura mantém a frota de ônibus em circulação sempre superior à demanda de passageiros. Atualmente, 11.223 ônibus circulam pela cidade, o que representa 87,58% da frota operacional, para atender 59% da demanda. Nos bairros mais afastados da região central, a frota está mantida em 92,64% pra transportar 53% da demanda”.
Para além das questões relacionada à pandemia, Covas comentou também sobre o assédio no transporte público. Ele conta que “desde 2017, os motoristas de ônibus e cobradores recebem treinamento para acolher mulheres vítimas de abuso. O procedimento é parar o ônibus e acionar a polícia.”
Jilmar Tatto (PT) retomou algumas das medidas das gestões de seu partido, como a implantação do Bilhete único, “além do Passe Livre para alunos da Rede Municipal, estudantes das Universidades Públicas (renda familiar per capita de 1,5 salário mínimo) e beneficiários do Prouni, Fies, Bolsa Universidade ou Cotas Sociais”.
O candidato petista também reforçou que “a mobilidade é parte essencial para uma melhoria na qualidade de vida dos moradores, além de garantir uma maior segurança de todos – principalmente dos ciclistas e pedestres que são vítimas, assim como os motociclistas, da desorganização e abandono dos programas de mobilidade.”
Já Márcio França (PSB) comentou que os números apresentados pela pesquisa “chegam a ser vergonhosos: 35% dos ouvidos não estão saindo de casa por conta da pandemia. Essa proporção cresce na medida em que aumentam a renda e a escolaridade dos cidadãos. Isso quer dizer que é o pobre quem precisa sair de casa e enfrenta transporte coletivo lotado”.
Ele ressalta que “por mais que ainda faltem elementos para falar de ônibus como vetor de transmissão do coronavírus, um terço dos ouvidos tem medo de pegar coronavírus em ônibus muito cheios”. Para França, “é fato que estamos vivendo uma situação de empobrecimento por causa da crise do coronavírus, com o aumento do desemprego e a desintegração da renda. Tanto é verdade que a diminuição da posse de carros de passeio foi mais acentuada na faixa de renda até 2 salários mínimos”.
Guilherme Boulos (PSOL) afirma que os problemas de mobilidade se resolvem com investimento, “investimento em corredores, para diminuir as distâncias, com investimento geral na cidade para poder aproximar local de trabalho e local de moradia”. Além disso, o candidato defende estimular “emprego e renda nas próprias periferias e, também, criando mais possibilidades de moradia popular na região central”.
Outro ponto destacado por Boulos é a “forma de remuneração das empresas de ônibus no subsídio dado pela Prefeitura”. Para ele, há “um estímulo para superlotação. As empresas ganham por passageiros que elas levam e não pelo custo real, que é medido em quilômetro rodado, com a frota que ela tem na rua”.
Saiba mais:
Confira a pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana” completa
Veja as outras edições da pesquisa “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana”
Confira os comentários na íntegra:
Comentário Bruno Covas (PSDB)
“A Rede Nossa São Paulo desenvolve um trabalho importante para os cidadãos da maior metrópole do país. Um trabalho de levantamento de dados junto à população, como a recente pesquisa, realizada em parceria com o Ibope Inteligência, sobre Mobilidade Urbana, que traz dados relevantes sobre o impacto da pandemia e do isolamento social no deslocamento da população paulistana, que indicam caminhos para o Poder Público melhorar a qualidade de vida da população, tornando a cidade de São Paulo mais justa, sustentável.
A pandemia de Covid-19 trouxe grandes desafios para o poder público no gerenciamento do transporte coletivo. Desde o início da quarentena, a Prefeitura não mediu esforços para garantir a operação do transporte público para os trabalhadores de serviços essenciais e a todos os passageiros que voltaram a usar transporte público com a reabertura gradual da cidade.
A Prefeitura mantém a frota de ônibus em circulação sempre superior à demanda de passageiros. Atualmente, 11.223 ônibus circulam pela cidade, o que representa 87,58% da frota operacional, para atender 59% da demanda. Nos bairros mais afastados da região central, a frota está mantida em 92,64% para transportar 53% da demanda. Diversas medidas preventivas em relação à Covid-19 foram adotadas no transporte público como reforço na higienização dos ônibus e nos terminais, demarcação no solo com distanciamento nos terminais e o uso obrigatório de máscara no interior dos coletivos.
Para reduzir o tempo de deslocamento dos cidadãos na cidade, a Prefeitura busca investir em ações para além da área da mobilidade, como desenvolvimento de novas centralidades para a cidade, e de criação de vagas de emprego nas áreas mais afastadas do centro.
A Prefeitura trabalha com o contexto da intermodalidade, no qual as pessoas usam um ou mais meios de transporte para realizar seus trajetos. Diante desse cenário, consolidamos uma agenda de mobilidade ativa com foco em múltiplos deslocamentos das pessoas. Em São Paulo, um terço dos deslocamentos são feitos a pé. Queremos melhorar a acessibilidade, democratizar o espaço público, tornando as ruas mais seguras para pedestres, ciclistas e motociclistas, que são os mais vulneráveis.
Nossas ações incluem calçadas mais acessíveis, conexões nas ciclovias e ciclofaixas, a substituição de vagas para veículos particulares por áreas de uso público, além da redução do limite de velocidade para os carros com o programa Áreas Calmas. Todos esses são pontos estão em consonância com os anseios da população de acordo com a própria pesquisa da Rede Nossa São Paulo.
O Plano Cicloviário prevê a implantação de 173,5 km de conexão e 310 km de requalificação da rede, transformando efetivamente a bicicleta em um modal de transporte na cidade. As ciclovias e ciclofaixas passaram a fazer parte de uma rede conectada e não apenas segmentada em pequenos trechos, chegando aos terminais de ônibus, estações de trem e de metrô.
Além disso, regulamentamos o Estatuto do Pedestre, que consolida legalmente uma série de programas importantes da Prefeitura voltados para a mobilidade ativa como o Plano Emergencial de Calçadas, que está requalificando 1,5 milhão de m² de calçadas até o fim do ano, e a criação de um espaço dentro do Portal SP156 para os pedestres.
Em relação ao transporte coletivo, colocamos nas ruas cerca de 6 mil ônibus modernos, com acessibilidade e ar-condicionado, o que significa uma renovação de mais de 40% da frota.
Com os novos contratos da concessão, assinados em 2019, a população será beneficiada com viagens mais rápidas e confortáveis, redução no intervalo entre os veículos, ampliação de vias atendidas por ônibus.
Nosso olhar para as pessoas na questão da mobilidade também abrange o combate ao abuso sexual no transporte coletivo, tema fundamental a partir desta gestão nos programas de treinamento de motoristas, cobradores de ônibus. Desde 2017, os motoristas de ônibus e cobradores recebem treinamento para acolher mulheres vítimas de abuso. O procedimento é parar o ônibus e acionar a polícia.
Vamos continuar trabalhando para melhorar a mobilidade na cidade, com foco no transporte coletivo, nas intermodalidades, na acessibilidade e na segurança de todos.”
Comentário Jilmar Tatto (PT)
“Fiquei feliz com alguns resultados da pesquisa feita pela Rede Nossa São Paulo uma vez que várias das medidas pontuadas como positivas começaram nas gestões do PT e enquanto fui secretário de Transportes desta cidade. Na gestão da Marta, quando fui gestor da pasta, mudamos radicalmente a mobilidade e a forma do paulistano viver a cidade. Criamos faixas exclusivas de ônibus, implantamos o Bilhete Único, dentre outros programas. No governo Haddad também revolucionamos implantando mais de 400 quilômetros de ciclovias na cidade e criando PlanMob que tornou lei uma série de mudanças e melhorias em mobilidade urbana, além de criar metas para a instalação de ciclofaixas e ciclovias na capital, meta esta que foi ignorada pela atual gestão Doria/Bruno.
Também na nossa gestão, do PT, implantamos 423 quilômetros de faixas exclusivas de corredores de ônibus e as linhas 24 horas.
Também implantamos novas modalidades temporais do Bilhete Único (diária, semanal e mensal), com mais de 2,2 milhões de cartões cadastrados até fevereiro de 2016. Além do Passe Livre para alunos da Rede Municipal, estudantes das Universidades Públicas (renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo) e beneficiários do Prouni, Fies, Bolsa Universidade ou Cotas Sociais.
Infelizmente, a atual gestão acabou com vários desses programas, construiu apenas 170 quilômetros de ciclovias de baixa qualidade e abandonou o PlanMob.
Por isso, na minha gestão quero retomar os programas que foram cortados, criar a tarifa zero gradual e retomar o passe livre para estudantes. Vamos voltar com o PlabMob, instalar mais bicicletários especialmente junto às estações de metro e trem, reformar e ampliar os terminais de ônibus. Para contemplar os pedestres – 29% das pessoas que andam a pé – vamos requalificar e construir novas calçadas.
A mobilidade é parte essencial para uma melhoria na qualidade de vida dos moradores, além de garantir uma maior segurança de todos – principalmente dos ciclistas e pedestres que são vítimas, assim como os motociclistas, da desorganização e abandono dos programas de mobilidade.”
Comentário Márcio França
“A pesquisa escancara a perversidade que é a política municipal de mobilidade urbana da atual gestão. Os números chegam a ser vergonhosos: 35% dos ouvidos não estão saindo de casa por conta da pandemia. Essa proporção cresce na medida em que aumentam a renda e a escolaridade dos cidadãos. Isso quer dizer que é o pobre quem precisa sair de casa e enfrenta o transporte coletivo lotado, na hora em que brigar para colocar o de comer no prato da família. Os resultados dessa importante pesquisa do Nossa São Paulo escancaram a insensibilidade da atual gestão. Apesar de ter existido um quadro geral de menos gente nas ruas, aumentou o tempo de deslocamento para quem vai de coletivo. Isso é inadmissível e é resultado das escolhas do prefeito, de reduzir a frota durante a pandemia, colocando em risco toda a população mais carente. Tanto é verdade que o estudo também mostra que quem tem mais condições financeiras fez seus deslocamento de carro ou de transporte individual por aplicativo. Isso tudo é confirmado pela sensação do usuário captada pelo estudo: para a maioria deles, o maior problema dos ônibus é a lotação. Por mais que ainda faltem elementos para falar dos ônibus como vetor de transmissão do coronavírus, um terço dos dos ouvidos tem medo de pegar coronavírus em ônibus muito cheios. Além da lotação, os mais pobres – 64% das classes D e E – reclamam do aumento da espera pelo coletivo. Outra obviedade alarmante captada pela pesquisa é o crescimento do percentual de entrevistados que deixaram de fazer atividades de lazer por conta do preço da passagem de ônibus, por isso, inclusive, defendo a proposta de gratuidade no transporte coletivo aos domingos. É fato que estamos vivendo uma situação de empobrecimento por causa da crise do coronavírus, com o aumento do desemprego e a desintegração da renda. Tanto é verdade que a diminuição da posse de carros de passeio foi mais acentuada na faixa de renda até 2 salários mínimos. Estou preparado para lutar contra todo esse cenário. É preciso inverter a lógica das decisões sobre transporte público, fazendo com que ele beneficie quem mais precisa. Além disso, o novo prefeito de São Paulo terá o dever de impor um choque de gestão, capaz de criar emprego e ajudar a recuperar a economia. Pretendo fazer isso por meio de programas de frentes de trabalho, que devolverão a renda na mão de pais e mães de família.”
Comentário Guilherme Boulos