A edição deste ano conta com indicadores de população, meio ambiente, mobilidade, direitos humanos, habitação, saúde, educação, cultura, esporte e trabalho e renda
O Mapa da Desigualdade 2020, realizado pela Rede Nossa São Paulo e pelo Programa Cidades Sustentáveis, traz dados que retratam a realidade dos distritos da capital paulista. O Mapa utiliza fontes públicas e oficiais, identifica prioridades e necessidades da população e, dessa forma, pode auxiliar na gestão e no planejamento municipal.
Com dados sobre os 96 distritos, a edição deste ano conta com indicadores dos seguintes temas: população; meio ambiente; mobilidade; direitos humanos; habitação; saúde; educação; cultura; esporte; e trabalho e renda.
O Mapa traz, ainda, alguns indicadores novos, como coleta seletiva; acesso a transporte de massa; tempo médio das viagens ao trabalho por transporte público; acesso à infraestrutura viária; homicídios de jovens; cobertura de atenção básica; entre outros.
Confira alguns destaques abaixo.
Meio Ambiente
A coleta de resíduos sólidos da cidade é de 310 quilos per capita, por ano. Apenas 2% do lixo é coletado de forma seletiva. A desigualdade entre a subprefeitura que mais coleta lixo reciclável (Vila Mariana, 10,6%) em relação à que menos coleta (Itaim Paulista, 0,3%) é de 42 vezes.
Mobilidade
Apenas 18,1% da população paulistana reside em um raio de até 1km de estações de transporte de massa (trem, metrô e monotrilho). Enquanto essa proporção é de 88% no distrito da República, em outros 29 distritos 0% tem acesso ao transporte de massa.
O transporte público é usado por 56,6% das pessoas para o deslocamento para o trabalho. A média da cidade do tempo de deslocamento para o trabalho é de 56,2 minutos. Enquanto no Brás se gasta, em média, 31,3 minutos, em Marsilac se gasta 124,7 minutos.
Quase metade das famílias paulistanas (45,5%) não possuem nenhum automóvel. E apenas 41% residem em um raio de até 300 metros de distância de infraestruturas cicloviárias (ciclovias e ciclofaixas).
Direitos Humanos
A quantidade de mulheres vítimas de violência aumentou 64% entre os anos de 2016 e 2019, passando de 50.566 mulheres para 83.001. Ademais, a número de mulheres vítimas de feminicídio aumentou 72% entre 2016 e 2019.
Em 2019, a cidade de São Paulo registrou uma média de 2 pessoas vítimas de violência de racismo e injúria racial para cada dez mil habitantes. O distrito da Sé, com 24,2 pessoas a cada dez mil habitantes, registrou 75 vezes mais violência de racismo e injúria racial do que Perus, com 0,3.
São Paulo registrou, em 2017, 21 homicídios a cada cem mil jovens com idade entre 15 e 29 anos. Vale ressaltar que a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera epidêmicas taxas de homicídio superiores a 10 homicídios a cada cem mil habitantes.
Saúde
O indicador de gravidez na adolescência aponta que a média da cidade de crianças nascidas vivas filhas de mães que tinham 19 anos ou menos é 9,8%. O distrito com pior valor é São Rafael, com 15,3%; enquanto o de melhor valor é Jardim Paulista com 0,6%.
A idade média ao morrer aumentou 3,7% para o município como um todo, passando de 65,6 anos, para 68,0 anos. Enquanto no Jardim Paulista a população morreu, em média, com 81,5 anos; no Jardim Ângela, a média de morte foi de 58,3 anos. Isso representa quase 40% a mais, ou 1,4 vezes mais.
Em 2019, 47% das internações no município foram por condições sensíveis à atenção primária. Isso significa que quase metade das internações poderiam ter sido evitadas caso tivessem sido tratadas anteriormente pela Atenção Primária.
Em Moema, 4,5% das internações foram por condições sensíveis à atenção primária. Já no Jaçanã, essa proporção foi de 77%, o que representa uma desigualdade de mais de 17 vezes.
Educação
A média da cidade de matrículas no Ensino Básico em escolas públicas é 67,1%, segundo o Censo Escolar.
O índice municipal da vulnerabilidade socioeconômica das escolas (Índice do Nível Socioeconômico das Escolas – INSE) é de 56 – quanto maior o índice, menor é a vulnerabilidade socioeconômica da escola.
No distrito do Morumbi, esse índice chega a 73, o que representa 1,5 vezes o distrito com o menor índice, República, cujo valor é 49,6.
Cultura
A média da cidade de equipamentos públicos de cultura é 2,09. Porém, 18 distritos não têm nenhum equipamento, seja municipal ou estadual. Além disso, 70 distritos não têm sequer um centro cultural, casa ou espaço de cultura.
Ainda, 81 não têm museu; 73 não têm salas de show e concertos; 53 não têm cinemas; e 58 não têm teatros.
Trabalho e renda
Houve uma redução de 12% de empregos formais na cidade como um todo, entre 2012 e 2019. Já a remuneração média municipal do emprego formal aumentou 14%, passando de R$4.047,05 em 2012 para R$4.603,80 em 2019.
A renda média das famílias mais ricas é 3,6 vezes maior do que das famílias mais pobres. O distrito com melhor valor é Alto de Pinheiros (R$ 9.591,93) e o com pior valor é Lajeado (R$ 2.628,63).
Saiba mais:
Mapa da Desigualdade 2020 – Mapas
Mapa da Desigualdade 2020 – Tabelas
Mais sobre o Mapa da Desigualdade
Desde 2012, a Rede Nossa São Paulo elabora e divulga anualmente o Mapa da Desigualdade, um estudo que apresenta indicadores dos 96 distritos da capital paulista, compara os dados, e revela a distância socioeconômica entre as regiões com os melhores e piores indicadores.
Dessa forma, o Mapa pode ajudar a gestão municipal a identificar prioridades e necessidades da população e seus distritos. Ao contribuir para o entendimento de dinâmicas importantes da cidade, também se coloca como um instrumento para a elaboração de políticas públicas mais inclusivas e a construção de planos setoriais mais integrados.
O Mapa, também, preenche uma lacuna em termos de difusão de informações públicas, amplia o alcance do conhecimento sobre territórios e facilita a assimilação dos dados disponíveis.
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