Pesquisa aponta, também, que uma cidade desigual e violenta é a imagem predominante sobre São Paulo
A pesquisa inédita “Viver em São Paulo: a cidade que queremos”, realizada pela Rede Nossa São Paulo e pelo Ibope Inteligência, mapeia a opinião da população paulistana sobre temas como a renda básica na cidade; o combate às desigualdades sociais; a responsabilidade dos agentes públicos; e o fortalecimento da democracia.
Confira alguns destaques.
A cidade que eu quero…
A cidade que a população paulistana quer garante uma educação de qualidade para todas as crianças (43% das menções) e tem serviços de saúde bem distribuídos por toda a cidade (42% das menções). Uma cidade que oferece abrigo e oportunidades para a população em situação de rua é citada por 29% das pessoas entrevistadas; e que garante uma renda mensal mínima a todos os cidadãos e todas as cidadãs por 25%.
Também, 18% mencionam uma cidade que tem menos poluição e procura utilizar fontes de energia mais limpas; 18% que possibilita o uso de diferentes meios de transporte com qualidade e preço acessível; 17% que oferece no meu bairro a maior parte dos serviços de que necessito; e 16% que permite que eu não precise me deslocar por mais de meia hora para ir trabalhar.
A cidade que vejo
Uma cidade desigual e violenta é a imagem predominante sobre São Paulo – 46% apontam como desigual e 42% como violenta. Já 29% veem como diversa e que está sempre mudando; e 24% como uma cidade que oferece oportunidade para todos.
Enquanto 23% afirmam ser uma cidade que discrimina e 21% que é insensível às pessoas e que privilegia os negócios, 19% afirmam ser rica e inovadora e 12% cidade exemplo para o Brasil.
Desigualdades na cidade
Para 22% das pessoas entrevistadas, disputa política acima dos interesses da população é o fator que mais contribui para perpetuar as desigualdades na cidade. E para 18%, interesses privados e de grupos específicos acima do interesse público é o principal fator.
Todavia, 17% mencionam falta de recursos na Prefeitura; 13% concentração de investimentos nas áreas centrais e falta de investimento nas periferias; 12% falta de continuidade das ações da prefeitura quando entra um(a) novo(a) prefeito(a); e 12% a não aplicação dos impostos arrecadados nas prioridades da população.
Para diminuir as desigualdades na cidade de São Paulo, 26% entendem que combater a corrupção dos agentes públicos é o que mais contribui. Ademais, 16% mencionam trazer mais transparência à gestão pública e outros 16% citam priorizar a aplicação de recursos públicos nas periferias.
Contudo, para 14% não adianta focar nas desigualdades, temos que melhorar a condição de vida de todos na cidade; e, também para 14%, uma maior participação da população na decisão sobre o uso dos recursos públicos é o que mais pode contribuir.
Renda básica
Cresce a proporção de paulistanas e paulistanos a favor de uma renda básica para toda a população de São Paulo: 77% são a favor (em 2018, eram 55%). Já 15% são contra.
Cobrar mais impostos das pessoas mais ricas (38%) ou usar dinheiro de fundos municipais já existentes (36%) são as duas formais mais citadas para financiar a renda básica, independentemente da opinião sobre o benefício.
Futuro da cidade
Os três níveis do poder executivo e legislativo municipal são considerados os agentes com mais alta responsabilidade sobre os rumos da cidade nos próximos quatro anos. O poder judiciário também se destaca com alta responsabilidade. Veja abaixo as respostas:
- Governador de São Paulo: 63% responsabilidade alta; 22% responsabilidade baixa; 8% nenhuma
- Prefeito de São Paulo: 62% responsabilidade alta; 23% responsabilidade baixa; 7% nenhuma
- Presidente da República: 59% responsabilidade alta; 21% responsabilidade baixa; 10% nenhuma
- Câmara de vereadores: 57% responsabilidade alta; 25% responsabilidade baixa; 8% nenhuma
- Poder judiciário: 51% responsabilidade alta; 29% responsabilidade baixa; 10% nenhuma
- Indivíduo/cidadão: 47% responsabilidade alta; 34% responsabilidade baixa; 12% nenhuma
- Setor privado: 34% responsabilidade alta; 44% responsabilidade baixa; 13% nenhuma
- Imprensa/mídia: 34% responsabilidade alta; 20% responsabilidade baixa; 16% nenhuma
- Grupos da sociedade civil: 32% responsabilidade alta; 40% responsabilidade baixa; 18% nenhuma
- Igrejas: 20% responsabilidade alta; 31% responsabilidade baixa; 24% nenhuma
A população paulistana aponta melhorar a qualidade da educação, a segurança pública e ampliar e melhorar o atendimento nos postos de saúde como os três principais problemas a serem enfrentados pela próxima gestão, sendo citados por 47%, 42% e 37% respectivamente.
Em relação aos problemas que São Paulo tem que resolver para ter um futuro mais sustentável, 16% mencionam a concentração de oportunidades na região central; 15% a falta de responsabilização do setor privado; 13% o baixo investimento público e privado em atividades econômicas menos poluidoras; 11% a poluição causada pelo transporte coletivo e privado; e também 11% o baixo investimento em reciclagem e coleta seletiva.
Para a manutenção e fortalecimento da democracia, 41% acham importante ter governantes realmente comprometidos com os interesses da população e 35% citam ter uma justiça independente de interesses.
Enquanto 28% citam o cidadão poder participar das decisões políticas em sua vida cotidiana; 26% o respeito e liberdade das diferentes instituições; 24% satisfação das necessidades básicas; 22% liberdade de imprensa; 21% governantes com pulso firme; 20% garantia de representatividade de mulheres, pretos e pardos em cargos políticos; e 19% garantia de direito ao voto.
Metodologia
A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 21 de setembro de 2020, a partir de coletas face a face e online. Foram realizadas 800 entrevistas com pessoas que moram na cidade de São Paulo de 16 anos ou mais. Os resultados foram ponderados para restabelecer os pesos de cada região da cidade e perfil dos respondentes. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados totais.