A pesquisa “Viver em São Paulo: Trabalho e Renda” foi lançada em evento virtual no dia 24 de fevereiro. O encontro contou com a participação de Aline Cardoso, secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, e de Clemente Ganz, ex-diretor técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e assessor do Fórum das Centrais Sindicais.
Durante a abertura, Jorge Abrahão, coordenador geral do Instituto Cidades Sustentáveis, ressaltou a importância do Estado no enfrentamento à crise sanitária e econômica que estamos vivendo e do protagonismo das cidades.
Aline falou sobre o papel e as ações do município nesse período de pandemia e enfatizou: “A pobreza também mata e traz consequências graves para o desenvolvimento de uma sociedade”. Para ela, “a desigualdade ficou ainda mais exposta com a pandemia”.
Clemente reiterou: “a desigualdade é um impeditivo estrutural para nós alçarmos o país a uma condição de desenvolvido”. O especialista também destacou o papel do Estado como essencial. “Não há nenhuma chance de enfrentarmos o problema da desigualdade e termos sucesso nesse enfrentamento que não passe, necessariamente, por uma iniciativa estrutural do Estado atuar no sentido de enfrentar o problema da desigualdade mobilizando recursos públicos e privados e dando a esses recursos uma intencionalidade por meio da política pública de atacar as diferentes faces da desigualdade”.
A pesquisa, realizada pela Rede Nossa São Paulo e pelo Ibope Inteligência, mostrou que 43% da população paulistana teve diminuição de renda nos últimos 12 meses. Ainda, o levantamento revelou que praticamente metade das paulistanas e paulistanos fez algum bico para complementar renda no último ano.
Outro dado apontado pela pesquisa foi que ter um negócio próprio é o desejo de 41% da população paulistana, pensando daqui a 2 anos. Enquanto 25% afirmam querer trabalhar de forma autônoma, 19% querem ser empregada(o) com CLT. Já 8% querem ter um negócio com impacto social e 2% trabalhar por aplicativo.
Clemente chamou a atenção para o cuidado ao analisar esses números. Para ele, “a evidência empírica não confirma esse desejo utópico da sociedade, no sentido de que o empreendedorismo é a libertação e a promoção de uma condição adequada e saudável para a inserção econômica e para produzir bem-estar e qualidade de vida”.
“Muitas vezes a manifestação do empreendedorismo é uma resposta de libertação das péssimas condições de trabalho, da informalidade, da desproteção, da jornada de trabalho excessiva, da ausência de vínculos laborais estáveis, dos péssimos salários pagos pela economia e pelo emprego assalariado, sem carteira de trabalho assinada. Então, o empreendedorismo é uma tentativa de fugir de uma quase condição de precarização absoluta muitas vezes presente no mundo do trabalho, no mundo assalariado”, completou.
Saiba mais sobre a pesquisa Viver em São Paulo: Trabalho e Renda