Pesquisa evidencia maior carga mental das mulheres

Mulheres são mais responsáveis pelo planejamento, organização e decisões sobre as tarefas domésticas e familiares, além da execução

A pesquisa “Viver em São Paulo: Mulher” traz dados sobre a percepção da população paulistana acerca de questões como violência de gênero, divisão de tarefas, entre outras. Esta é quarta edição do levantamento, realizado pela Rede Nossa São Paulo e pelo IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria, empresa originada do IBOPE Inteligência.

Confira alguns destaques.

Divisão de tarefas

Em comparação com a edição anterior da pesquisa, há estabilidade na percepção geral sobre a divisão de afazeres domésticos. No total, 45% afirmam que os afazeres são divididos igualmente entre homens e mulheres. Porém, 55% dos homens acreditam nessa divisão em contraposição a 40% das mulheres.

Já 28% entendem que os afazeres são de responsabilidade de homens e mulheres, mas que as mulheres fazem a maior parte.

Tendo como base apenas as pessoas que moram em casas onde residem, pelo menos, um homem e uma mulher, 88% afirmam que a mulher é quem mais assume o cuidado diário com filhos(as); 85% afirmam que a mulher é que mais prepara as refeições; 85% apontam que a mulher é quem mais cuida da limpeza da casa; e 84% dizem que a mulher é quem mais assume os cuidados médicos dos(as) filho(as).

Apenas tirar o lixo e fazer a manutenção da casa são as tarefas apontadas como realizadas majoritariamente pelos homens – 58% e 78% respectivamente.

Além da execução, também são as mulheres que mais fazem o planejamento, a organização e tomam as decisões sobre as tarefas no dia a dia: 88% são responsáveis pelos cuidados médicos dos(as) filhos(as); 87% pelo que vai ser preparado nas refeições; 87% quando e como deve ser feita a limpeza na casa; 86% pelo cuidado diário dos(as) filho(as); 82% pelas atividades escolares dos(as) filhos(as).

Em todas as situações investigadas, as mulheres apresentam patamar de concordância superior ao dos homens, o que reforça a percepção de que a carga mental delas é elevada.

Imagem de slide da apresentação da pesquisa com dados sobre percepção mental

Três em cada cinco pessoas entrevistadas têm filhos(as), destas, 1/3 declara dividir igualmente os cuidados. No entanto, 40% das mulheres afirmam que ficam mais com filho(a) do que a outra pessoa que cuida; e 22% das mulheres não dividem os cuidados com ninguém. Ademais, 14% dos homens dizem ficar mais com filho(a) do que a outra pessoa que cuida e 6% não dividem os cuidados com ninguém.

Violência de gênero

Para 83% da população paulistana, o assédio sexual e a violência contra a mulher aumentaram.

As mulheres têm mais medo dos diferentes tipos de violência que podem sofrer em espaços públicos do que os homens: 72% das mulheres têm medo de roubo, enquanto 54% dos homens afirmam o mesmo. As mulheres também têm mais medo de assédio sexual (59%), estupro (60%) do que os homens (15% e 14% respectivamente).

Para paulistanas e paulistanos, aumentar as penas contra crimes de violência contra a mulheres segue como a ação prioritária para combater a violência doméstica e familiar, sendo apontada por 53%. Enquanto 42% mencionam como medida prioritária ampliar serviços de proteção a mulheres em situação de violência em todas as regiões da cidade e 36% apontam criar novas leis de proteção à mulher.

Perguntas aplicadas apenas entre mulheres

Pouco mais de um terço (35%) das paulistanas afirma já ter sofrido preconceito ou discriminação no trabalho por ser mulher.

Transporte público segue sendo apontado como o local no qual as paulistanas acreditam correr mais risco de assédio (52%); seguido de rua, com 20% das menções.

Em consonância com esta percepção, 47% das mulheres afirmam já ter sofrido assédio no transporte público. Ainda, 36% dizem ter passado por alguma “abordagem desrespeitosa”; 31% sofreram assédio dentro do ambiente de trabalho; e 19% dentro do ambiente familiar.

Aplicativos de celular são apontados como o meio em que as mulheres se sentiriam mais à vontade para denunciar assédio ou violência, sendo citado por 40% das paulistanas. Telefone em centrais de atendimentos são mencionados por 19%.

Confira a apresentação da pesquisa

Confira a pesquisa completa

Veja as edições anteriores da pesquisa

Metodologia

A pesquisa foi realizada entre os dias 5 de dezembro de 2020 e 4 de janeiro de 2021, com entrevistas online e domiciliares, no município de São Paulo. Ao todo, foram 800 entrevistas com pessoas que moram na cidade e que tenham 16 anos ou mais. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Parte das questões foram feitas apenas com mulheres, totalizando 425 entrevistas, e com a margem de erro de 5 pontos percentuais para mais ou para menos.

 

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