No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, lançamos a pesquisa “Viver em São Paulo: Mulher”. A quarta edição do levantamento, realizado pela Rede Nossa São Paulo e pelo IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria, empresa originada do IBOPE Inteligência, traz dados sobre a percepção da população paulistana acerca de questões como violência de gênero, divisão de tarefas, entre outras.
A vereadora Cris Monteiro (Novo) e a advogada e presidenta do Geledés – Instituto da Mulher Negra Maria Sylvia de Oliveira participaram do evento virtual.
Assista ao lançamento na íntegra.
Durante o lançamento, Paloma Lima, da Rede Nossa São Paulo, destacou como “a questão de gênero é multifatorial”. Paloma também falou sobre como nos unirmos “enquanto sociedade” para fazermos “cobranças através do poder público, com intervenções diretas, para que a gente previna e que a gente reduza esse cenário que é tão persistente e tão estrutural. Mas como que a gente também provoca outros setores da sociedade, como a gente provoca as empresas para falar de assédio sexual no trabalho, assédio moral no trabalho”, completou.
A coordenadora da Rede Nossa São Paulo, Carolina Guimarães, falou sobre a dificuldade de “mudarmos os dados”. “Existem políticas públicas, existem ações e projetos que fazem a diferença, mas para que isso seja transversal, que seja incorporada pelas diferentes Secretarias, pela população, e que a gente realmente pense no micro e no macro para que possa mudar a sociedade como um todo demora”, argumentou.
Cris Monteiro falou sobre um dado apresentado pelo relatório da Oxfam, Tempo de cuidar: o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade: “Mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado – uma contribuição de pelo menos US$ 10,8 trilhões por ano à economia global”. Para a vereadora, esse dado explicita porque é mais difícil para as mulheres alcançarem posições de poder.
Já Maria Sylvia reforçou como a “pandemia escancarou a questão das desigualdades na sociedade brasileira”. A advogada contou do trabalho do Geledés durante a pandemia, durante o qual foi explicitado como as mulheres, especialmente as mulheres negras, foram impactadas pela crise pandêmica. “Primeiro, porque a grande maioria dessas mulheres estão na informalidade e o isolamento e o distanciamento social nem sempre foi possível para essas mulheres, pois elas tinham que sair para trazer o seu sustento. Quando isso, no início da pandemia, foi impedido pelo lockdown, isso impactou de forma bastante grave a vida e o sustento dessas mulheres e de suas famílias”, explicou.
Em relação às tarefas domésticas, Maria Sylvia destacou um dado da pesquisa da percepção de pessoas das classes A e B sobre a divisão dessas tarefas e questionou “se existe na família o auxílio de uma empregada doméstica e como isso se manteve, ou não, durante a pandemia”.
A pesquisa revela que 28% da população paulistana entendem que as tarefas domésticas são de responsabilidade de homens e mulheres, mas que as mulheres fazem a maior parte. essa percepção é de 36% no segmento de pessoas das classes A e B.