A Rede Nossa São Paulo lança mais uma edição da série especial Mapa da Desigualdade – Covid-19. Desta vez, com o recorte da relação entre as desigualdades sócio-territoriais e a pandemia. Confira alguns destaques.
Mortalidade proporcional por Covid-19 por raça/cor
A análise dos dados evidencia a desigualdade da mortalidade entre a população negra e a população branca.
Um exemplo é o caso do distrito de Itaim Bibi que, mesmo sendo considerada uma região de menor vulnerabilidade socioeconômica, apresenta uma diferença entre a proporção da população preta e parda que morreu por Covid-19 e da população branca:
- 47,6% da população preta e parda de Itaim Bibi morreu por Covid-19;
- 28,1% da população branca de Itaim Bibi morreu por Covid-19.
Outro exemplo é no distrito de Cambuci, onde a população negra morreu proporcionalmente 1,6 vezes mais por Covid-19, do que a população branca, entre janeiro a julho de 2021.
- Entre a população negra, 48,1% das mortes ocorreram por causa da Covid-19;
- Já entre a população branca foram 29,1%.
Covid-19 e a desigualdade na distribuição de renda
A desigualdade na distribuição de renda também é um fator evidente na diferença de impacto da pandemia.
Além disso, o peso da desigualdade de renda afeta diretamente as pessoas idosas e consideradas parte de grupos de risco. Apesar das regiões com maior concentração de renda possuírem um perfil etário também mais alto, devido às condições de qualidade de vida e demais variáveis relacionadas à distribuição demográfica, a desigualdade entre o distrito de maior renda média domiciliar e o de menor renda média domiciliar reflete-se no coeficiente de mortalidade também das pessoas mais velhas.
Alto de Pinheiros concentra quase quatro vezes mais renda que Lajeado; enquanto no primeiro a renda média familiar mensal é R$ 10.495,51, no segundo é R$ 2.876,26
O coeficiente de mortalidade de Lajeado é cinco vezes maior que o de Alto de Pinheiros.
- De janeiro a julho de 2021, no distrito de Lajeado, o coeficiente de mortalidade por Covid-19 entre a população com menos de 60 anos foi de 114,3 por 100 mil habitantes.
- Já em Pinheiros o número foi de 28 a cada 100 mil habitantes com menos de 60 anos.
Distribuição de leitos da UTI
Assim como em 2020, os dados continuam apontando as desigualdades estruturais no acesso aos serviços de saúde, apesar de aumento expressivo na distribuição de leitos a cada 100 mil habitantes por subprefeituras.
A distribuição de leitos de UTI a cada 100 mil habitantes aumentou consideravelmente na cidade de São Paulo, saindo de 10,3 para 71,4, um aumento de quase 7 vezes. Porém, esse aumento generalizado em todas as regiões não superou as desigualdades estruturais na oferta de leitos entre as regiões da cidade.
Em 2020, a Subprefeitura de Pinheiros concentrava 65,2 vezes mais leitos a cada 100 mil habitantes que a Subprefeitura de São Miguel. Em 2021, essa desigualdade praticamente se mantém no mesmo patamar, com a Subprefeitura de Pinheiros concentrando 64,5 vezes mais leitos que a subprefeitura de São Miguel.