Evento, que debateu os dados do levantamento, contou também com as participações da deputada estadual por SP Marina Helou e do vereador da cidade de São Paulo Eduardo Suplicy.
Por Airton Goes, da Rede Nossa São Paulo
A Rede Nossa São Paulo, em parceria com o IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica e o Sesc, lançou nesta quinta-feira (20/1) a nova edição da pesquisa “Viver em São Paulo: qualidade de vida”.
Os resultados do levantamento de percepção dos paulistanos, que, entre outros dados, mostram avaliações negativas da atual gestão municipal e da Câmara de Vereadores, foram debatidos durante a atividade, que contou com as participações do prefeito, Ricardo Nunes, da deputada estadual Marina Helou (Rede Sustentabilidade) e do vereador Eduardo Suplicy (PT).
Na apresentação da pesquisa, realizada no início da atividade, a diretora do IPEC, Patricia Pavanelli, relatou que 45% das pessoas consideram a atual gestão municipal ruim ou péssima – maior patamar desde 2015, quando o índice atingiu 56%. Outros 39% dizem que atual gestão é regular e 13% a consideram ótima ou boa.
Além disso, 85% dos entrevistados afirmam que a administração municipal é pouco ou nada transparente em relação à divulgação de informações sobre a gestão, metas e prestação de contas. Por outro lado, 6% dos paulistanos consideram a administração da cidade muito transparente.
Segundo a pesquisa, 57% dos paulistanos – quase 6 em cada 10 – avaliam a atuação da Câmara Municipal de São Paulo como ruim ou péssima. Este é o pior índice desde 2018, quando chegou a 59%.
Outros 8% consideram ótima ou boa a atuação do Legislativo municipal, 27% dizem que é regular e 8% não sabem ou não responderam.
No entanto, 58% da população – também quase 6 a cada 10 – não lembra em quem votou para vereador, índice que aumenta para 76% entre os mais pobres – classes D e E.
“Com o distanciamento do pleito de 2020, aumenta o número de paulistanos que não se recordam em quem votaram para vereador na última eleição, voltando ao patamar de 2019”, afirmou Pavanelli, ao relatar os aprendizados da pesquisa.
Confira a apresentação da pesquisa
Avaliações dos resultados
Durante o evento – realizado na unidade Avenida Paulista do Sesc e transmitido de forma on-line –, ao avaliar os resultados do levantamento, Ricardo Nunes buscou destacar algumas realizações da gestão, como na área da saúde. Segundo ele, São Paulo é a “capital mundial da vacina”, ou seja, é uma das metrópoles com maior percentual da população com imunização completa em todo o mundo.
O prefeito argumentou que em 2017 a cidade tinha apenas três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). “Agora temos 20, seis das quais foram entregues à população nos últimos seis meses, e vou inaugurar mais duas nos próximos dois meses”, informou.
Ele destacou também a boa gestão financeira da cidade, lembrando que a responsabilidade nessa área é importante para que os serviços públicos sejam mantidos e ampliados.
Em sua avaliação, parte do sentimento da população em relação à gestão municipal pode ter sido influenciado por problemas causados pela covid-19. Segundo o prefeito, quando o paulistano perde o emprego, ele fica chateado com a cidade. “A questão da pandemia mexe com a percepção das pessoas”, considera
Nunes reconhece, entretanto, que a cidade é complexa e tem muitos problemas a resolver. “A pesquisa vai balizar nossas ações. Essa escuta que vocês fizeram junto à sociedade será muito útil para nós”, afirmou.
Para o prefeito, é necessário melhorar a percepção da população e a articulação da Prefeitura com a sociedade. “Precisamos melhorar nossa comunicação”, considerou.
Já a deputada estadual Marina Helou vinculou os resultados do levantamento com as desigualdades existentes na cidade. “Não há como olhar essa pesquisa, sem relacionar com outro trabalho importante da Rede Nossa São Paulo, o Mapa da Desigualdade”, ponderou, antes de complementar: “se a gente quer melhorar a qualidade de vida em São Paulo, temos que olhar para o Mapa da Desigualdade”.
Diante da necessidade de aproximação entre o Legislativo e a população, evidenciada pelos resultados da pesquisa, ela sugeriu: “os políticos precisam mudar sua forma de atuação e fazer com que a participação da sociedade seja efetiva”.
O vereador Eduardo Suplicy falou da importância de fortalecer os conselhos de políticas públicas e da participação da sociedade nesses órgãos.
Ele defendeu sua proposta de Renda Básica de Cidadania, que foi aprovada pelo Congresso Nacional e aguarda regulamentação. “O Brasil foi o primeiro país a aprovar a lei que institui a Renda Básica de Cidadania, só falta regulamentá-la”, informou.
Jorge Abrahão, coordenador geral do Instituto Cidades Sustentáveis – organização realizadora da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis –, também comentou os resultados da pesquisa e mediou o debate.
Segundo ele, um dos desafios da sociedade é entender porque quase seis em cada dez pessoas dizem que, se pudessem, deixariam a cidade – um dos dados do levantamento. Para reverter essa situação, em sua avaliação, existem algumas pistas. “Uma delas é fortalecer os aspectos positivos da cidade”.
De acordo com a pesquisa, o que as pessoas mais gostam na capital paulista são: oportunidades (19%), mercado de trabalho (13%) e diversão, lazer e entretenimento (12%).
O que menos gostam na cidade são: violência (33%), criminalidade (17%) e trânsito (14%).
Abrahão reforçou a importância da democracia como instrumento fundamental para promover as mudanças necessárias. “Está faltando fazer uma relação entre democracia e qualidade de vida das pessoas”, defendeu ele, antes de pontuar: “a democracia pode entregar mais para a sociedade, e isso significa reduzir desigualdades”.
Também participaram do evento Igor Pantoja, assessor de mobilização da Rede Nossa São Paulo, e Luiz Galina, representante do Sesc no evento.