Para 80% dos moradores de São Paulo, número de pessoas em situação de rua aumentou no último ano

Levantamento da Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ipec, mostra a percepção da população sobre pobreza e renda na capital paulista. Uma em cada três pessoas diz que os rendimentos mensais diminuíram no último ano, e mais de 40% tiveram de recorrer a atividades extras para complementar a renda. Veja mais resultados da pesquisa

A Rede Nossa São Paulo lança nesta terça-feira (30/5) a pesquisa Viver em São Paulo: Pobreza e Renda, às 19h, em evento presencial e gratuito no Sesc 24 de Maio. Realizado em parceria com o Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, o trabalho contou com a colaboração do Padre Júlio Lancellotti na elaboração das perguntas sobre a população em situação de rua e aporofobia.

Veja alguns resultados da pesquisa:

Fome e Pobreza

  • 80% dos moradores e moradoras de São Paulo acham que aumentou o número de pessoas em situação de rua no último ano; 11% dizem que está igual e 3%, que diminuiu; 79% dizem também que percebem aumento no número de pessoas em situação de fome e pobreza;
  • O aumento do desemprego é apontado pela maioria dos entrevistados (84% do total de menções) como o principal motivo para o crescimento da população em situação de rua, seguido pelo alto custo de vida na cidade (66%) e pela elevação do preço dos aluguéis (56%);
  • 65% dos moradores de São Paulo percebem que aumentou o número de pessoas pedindo esmola nos últimos 12 meses; para 58%, há mais famílias entre os moradores de rua;
  • Entre as medidas que devem ser tomadas para melhorar a situação dos moradores de rua, as políticas de moradia (como o aluguel social) são as mais mencionadas (48% das respostas), seguidas pela oferta de cursos de capacitação profissional (42%) e pela ampliação da rede de atendimento socioassistencial (40%);
  • Entre as medidas que devem ser tomadas para melhorar a vida das pessoas em situação de fome e pobreza, as políticas de geração de emprego são as mais mencionadas (64% das respostas), seguidas pela garantia de renda mínima (54%) e pela redução do valor de contas básicas (53%), como água e energia;

Renda

  • 31% dos moradores da capital paulista percebem que a própria renda diminuiu no último ano (na pesquisa de 2021, eram 43%); na classe DE, o percentual é de 45%;
  • 51% dos entrevistados disseram que a renda se manteve estável no último ano e 12%, que aumentou;
  • 4 em cada 10 paulistanos tiveram que fazer alguma atividade extra para complementar a renda no último ano (o equivalente a 4,3 milhões de pessoas);
  • As atividades mais realizadas são os “bicos” de serviços gerais, como faxina, manutenção, reformas e jardinagem, entre outros;
  • Em 86% dos lares paulistanos, a alimentação é o item que mais impacta o orçamento familiar; em segundo lugar aparecem os gastos com saúde (remédios, exames, convênio médico, etc.); em terceiro lugar, as despesas com moradia e aluguel;
  • Nos últimos 12 meses, o consumo de ovos aumentou em 62% dos lares paulistanos; o de carnes e laticínios, diminuiu em 54% das casas;
  • Ainda sobre renda e consumo, 20% dos moradores da capital deixaram de ter TV por assinatura ou streaming no último ano; 50% disseram que diminuíram as despesas com itens de vestuário;
  • Sete em cada dez pessoas afirmam que não se endividaram para consumir itens básicos da vida cotidiana.

Dependência química

  • 9 em cada 10 moradores da capital paulista avaliam que as ações do poder público para os dependentes químicos na Cracolândia são pouco ou nada eficazes;
  • 37% acham que o combate ao tráfico de drogas deveria ser a prioridade do poder público na região; 18% acham que deveria ser a construção de unidades de saúde especializada e outros 18%, a adoção de políticas para a atuação conjunta de diversas áreas (como saúde, segurança, assistência social, educação, trabalho e renda).

Baixe aqui a apresentação da pesquisa e aqui o PDF completo dos resultados.

Ao todo, foram entrevistadas 800 pessoas com 16 anos ou mais, em dezembro de 2022, de forma presencial e online.

A pesquisa Viver em São Paulo: Pobreza e Renda é realizada anualmente e conta também com a parceria do Sesc. Tem intervalo de confiança de 95% e a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

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