Percepção de racismo entre os moradores da capital paulista continua alta nos principais ambientes investigados pela pesquisa Viver em SP: Relações Raciais; levantamento aborda também as políticas públicas, ações das empresas e o papel das pessoas brancas no combate ao preconceito de raça
A Pesquisa Viver em SP: Relações Raciais, lançada hoje (14/11) pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ipec, mostra que os shoppings e o comércio em geral são os locais em que há mais preconceito racial, na percepção dos moradores da capital paulista. Oito em cada dez entrevistados dizem que há diferença de tratamento entre pessoas negras e brancas nesses locais.
Nas escolas e faculdades, o percentual é de 75%; nas ruas e espaços públicos, 72%; e no ambiente de trabalho, 71%. Entre as pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, a percepção de racismo é maior em todos os ambientes pesquisados.
Os números permanecem estáveis na comparação com as pesquisas dos últimos anos, mas cresceram significativamente em relação ao levantamento de 2019. Naquele ano, 69% dos entrevistados diziam haver diferença no tratamento entre negros e brancos nos shoppings e no comércio em geral; 64%, nas ruas e espaços públicos; 62%, nas escolas e faculdades; e 60%, no ambiente de trabalho.
A pesquisa perguntou também quais são as medidas mais eficazes para combater o racismo e o preconceito na cidade de São Paulo. Aumentar a punição para atos de injúria racial foi a mais citada (50% dos entrevistados), seguida por punições mais severas para policiais que cometem abuso contra pessoas negras (39%, um aumento de 10 pontos percentuais em relação ao levantamento de 2022). Em terceiro lugar, ampliar o debate do tema nas escolas e incluí-lo no currículo escolar aparece com 38% das menções.
Em relação às medidas que as empresas devem adotar para combater o racismo, as campanhas de conscientização são as mais citadas (44% das respostas). Em segundo lugar, aparece dar suporte/apoio institucional (psicológico, jurídico) para funcionário que sofre de racismo ou preconceito racial, com 41% das menções; em terceiro, com 32% das citações, aparecem empatadas três alternativas: sempre se posicionar contra qualquer tipo de racismo ou preconceito racial; criar políticas para banir/bloquear clientes que agrediram/discriminaram funcionários em virtude de sua raça ou cor; e ter canais próprios para denúncias de casos de racismo ou preconceito racial.
O papel das pessoas brancas
A pesquisa perguntou também qual é o papel das pessoas brancas no combate ao racismo. A opção que teve mais citações (50%) foi se informar e se educar mais a respeito. Em segundo lugar, empatados com 41%, aparecem: intervir em situações de tratamento diferente entre pessoas negras e brancas; e se reconhecer como parte do problema, identificando ações racistas nas pequenas atitudes como gírias, piadas, etc. Neste último caso, houve um expressivo crescimento de 16 pontos percentuais em reação à pesquisa do ano passado.
Veja abaixo mais alguns dados da pesquisa:
Concordam totalmente ou em parte…
… que as mobilizações internacionais antirracismo são importantes para combater o preconceito. (86% dos respondentes)
… que o racismo prejudica o desenvolvimento da cidade. (86% dos respondentes)
… que falar sobre racismo e preconceito racial em programas de TV, realities shows, etc. contribui para ampliar o debate do tema. (83% dos respondentes)
… que a violência policial afeta principalmente as pessoas negras. (82% dos respondentes)
… que tratar piadas racistas como brincadeira contribui ainda mais para o racismo. (81% dos respondentes)
… que o racismo é um problema central na cidade de São Paulo e deve ser enfrentado com políticas públicas específicas. (77% dos respondentes)
… que aumentar a representatividade das pessoas negras na política e nos cargos de poder contribui para diminuir as desigualdades estruturais. (77%)
… que os partidos políticos devem dedicar fundos de forma proporcional às campanhas de candidatos brancos e negros. (75% dos respondentes)
… que já temos ferramentas suficientes para combater o racismo, como as cotas, as leis de punição contra o racismo e políticas afirmativas. (42% dos respondentes)
Acesse a versão completa da Pesquisa Viver em SP: Relações Raciais
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Beto Gomes (Rede Nossa São Paulo e Instituto Cidades Sustentáveis)
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