Para 71% dos moradores de São Paulo, aumentou o número de pessoas em situação de fome e pobreza no último ano

Pesquisa Viver em SP: Pobreza e Renda mostra ainda que 4 em cada dez pessoas que vivem na capital paulista precisaram realizar atividades extras para complementar o orçamento mensal; para a população, alimentação é o item que mais impacta na renda

A Rede Nossa São Paulo lançou a pesquisa Viver em São Paulo: Pobreza e Renda nesta quinta-feira,16 de maio, em evento presencial e gratuito no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.

Realizado em parceria com o Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica, o trabalho apresenta a percepção das moradoras e moradores da cidade sobre temas como o aumento da população em situação de rua, o crescimento do número de favelas, as causas e medidas que devem ser adotadas para o enfrentamento da pobreza e sobre as situações de preconceito e discriminação contra moradores de rua.

No segundo bloco, fala sobre o aumento ou a diminuição da renda nos últimos 12 meses, a necessidade de recorrer a atividades extras para cobrir as contas de casa, os itens que mais impactam no orçamento doméstico e o aumento ou redução do consumo de alimentos.

Depois da apresentação dos resultados, houve um debate sobre os temas abordados. Dentre os participantes estavam João Rafael Calvo, representante da Secretária Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo; Fernanda Almeida, assistente social e psicanalista; e Moyses Ribeiro, sociólogo e representante do MTST. A mediação foi feita por Manoela Cruz, cientista social e ativista em Raça e Desigualdades.

Confira os dados da pesquisa em versão resumida e completa.

Confira alguns resultados da pesquisa:

Fome e Pobreza

75% dos moradores e moradoras de São Paulo acham que aumentou o número de pessoas em situação de rua no último ano; 16% dizem que está igual e 5%, que diminuiu;

71% dizem que aumentou o número de pessoas em situação de fome e pobreza; 17% avaliam que está igual.

O aumento do desemprego é apontado pela maioria dos entrevistados (67% do total de menções) como o principal motivo para o crescimento da população em situação de rua, seguido pelo alto custo de vida na cidade (52%) e pela elevação do preço dos aluguéis (48%);

65% dos moradores de São Paulo percebem que aumentou o número de pessoas pedindo esmola nos últimos 12 meses; para 58%, há mais famílias entre os moradores de rua;

Entre as medidas que devem ser tomadas para melhorar a situação dos moradores de rua, as políticas de moradia (como o aluguel social) são as mais mencionadas (50% das respostas), seguidas pela oferta de cursos de capacitação profissional (40%) e pela ampliação da rede de atendimento socioassistencial (37%);

Entre as medidas que devem ser tomadas para melhorar a vida das pessoas em situação de fome e pobreza, as políticas de geração de emprego são as mais mencionadas (62% das respostas), seguidas pela garantia de renda mínima (53%) e fortalecer ou ampliar a assistência social na cidade (51%).

Renda

27% dos moradores da capital paulista percebem que a própria renda diminuiu no último ano (na pesquisa de 2023, eram 31% e na de 2021, 43%); na classe DE, o percentual é de 37%;

52% dos entrevistados disseram que a renda se manteve estável no último ano e 16%, que aumentou;

44% dos moradores de São Paulo tiveram que fazer alguma atividade extra para complementar a renda no último ano (o equivalente a mais de 4,1 milhões de pessoas);

As atividades mais realizadas são os “bicos” de serviços gerais, como faxina, manutenção, reformas e jardinagem, entre outros;

Em 87% dos lares paulistanos, a alimentação é o item que mais impacta o orçamento familiar; em segundo lugar aparecem os gastos com saúde (remédios, exames, convênio médico, etc.); em terceiro lugar, as despesas com moradia e aluguel;

Ainda sobre renda e consumo, 37% diminuíram o consumo de roupas e calçados no último ano; 19% diminuíram o consumo de gás (botijão ou encanado) e 18%, de energia elétrica;

A maioria das pessoas que vivem na capital paulista não se endividou para consumir itens básicos da vida cotidiana. No entanto, 19% se endividaram para comprar alimentos básicos (arroz, feijão, etc.); 18% para pagar a conta de energia elétrica; 10% para pagar a conta de água encanada.

Dependência química

88% dos moradores da capital paulista avaliam que as ações do poder público para os dependentes químicos na Cracolândia são pouco ou nada eficazes;

30% acham que o combate ao tráfico de drogas deveria ser a prioridade do poder público na região, e 24% acham que deveria ser a construção de unidades de saúde especializadas

Ao todo, foram entrevistadas 800 pessoas com 16 anos ou mais, em dezembro de 2023, de forma presencial e online.

A pesquisa Viver em São Paulo: Pobreza e Renda é realizada anualmente e conta também com a parceria do Sesc. Tem intervalo de confiança de 95% e a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

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