Moradores da periferia de São Paulo vivem 20 anos a menos e desigualdade é a mesma desde 2006

Base histórica do indicador ‘Idade Média ao Morrer’ mostra que, no geral, a população da capital vive mais, mas diferença entre bairros ricos e pobres continua alta e inalterada há quase duas décadas

A Rede Nossa São Paulo lançou o Mapa da Desigualdade de São Paulo 2024 nesta quarta-feira, 27 de novembro, em evento presencial e gratuito no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. O estudo apresenta 10 indicadores dos 96 distritos da capital paulista, divididos em diferentes áreas temáticas: saúde, habitação, trabalho e renda, mobilidade, direitos humanos, cultura, esportes, infraestrutura digital, segurança pública e meio ambiente.

Produzido há mais de 10 anos, o Mapa da Desigualdade de São Paulo mostra a oferta de serviços e infraestrutura urbana em cada distrito da cidade, além de dados que refletem a qualidade de vida da população nessas localidades. Desse modo, é possível observar a desigualdade entre os territórios da capital em diferentes temas e indicadores, e apontar os desafios e prioridades de investimento do poder público.

O evento contou com o debate com a presença de Thiago Amparo, advogado, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP e doutor pela Central European University (Budapeste); Marina Helou, deputada estadual de São Paulo (Rede) e Marília Roggero, coordenadora de Avaliação e Gestão da Informação – SEPEP/Secretaria de Governo – Prefeitura de São Paulo. A mediação foi feita por Manoela Cruz, cientista social e ex-conselheira municipal de promoção da igualdade racial.

Série histórica do indicador ‘Idade Média ao Morrer’

Neste ano, a principal novidade é o levantamento da base histórica do indicador Idade Média ao Morrer, abrangendo o período de 2006 a 2023. O trabalho traz a evolução da média geral da cidade e os dados dos distritos que apresentam o melhor e o pior desempenho no mapa de 2024: Alto de Pinheiros (82 anos) e Anhanguera (58 anos). Na média geral, os moradores da capital vivem seis anos a mais do que há 17 anos. Quando se observa a diferença entre os dois distritos ao longo do tempo, porém, a desigualdade permanece inalterada no período, como mostra o gráfico abaixo:

Série histórica indicador Idade média ao morrer 2006 a 2023

A Nossa São Paulo elaborou também a projeção linear do indicador em ambos os distritos, com base nos dados coletados. O resultado mostra que Anhanguera atingirá uma idade média ao morrer de 82 anos por volta do ano 2065, ou seja, em 40 anos. Essa previsão é aproximada e considera a tendência atual sem intervenções significativas para acelerar a melhoria das condições de saúde e qualidade de vida no distrito. Já Alto de Pinheiros apresenta uma tendência de aumento anual médio neste indicador de aproximadamente quatro meses.

Veja abaixo alguns indicadores do Mapa da Desigualdade de São Paulo 2024:

1. Idade média ao morrer

Média de idade (em anos) das pessoas que morreram (de acordo com o local de residência)

Maior valor
Alto de Pinheiros – 82 anos

Menor valor
Anhanguera – 58 anos

2. Favelas

Proporção (%) estimada de domicílios em favelas em relação ao total de domicílios

Menor valor
10 distritos não têm nenhum domicílio em favela: Alto de Pinheiros, Perdizes, Jardim Paulista, Moema, Bela Vista, Sé, República, Consolação, Cambuci e Bom Retiro.

Maior valor
Vila Andrade – 35% dos domicílios

3. Gravidez na adolescência

Proporção (%) de nascidos vivos de parturientes com menos de 20 anos de idade em relação ao total de nascidos vivos do distrito

Menor valor
Alto de Pinheiros – 0%

Maior valor
Parelheiros – 11%

4. Tempo médio de deslocamento por transporte público

Em minutos, no pico da manhã. Média ponderada do tempo de viagem estimado das viagens realizadas pelos usuários de cada distrito

Menor valor
Pinheiros – 25 minutos

Maior valor
Marsilac – 71 minutos

5. Remuneração média do emprego formal

Massa salarial nominal (R$) ÷ Número absoluto de empregos formais

Maior valor
São Domingos – R$ 8.515,29

Menor valor
Artur Alvim – R$ 2.200,70

6. Equipamentos públicos de cultura

Proporção (%) de equipamentos públicos de cultura (municipais), para cada cem mil habitantes, por distrito

Maior valor
República – 25%

Menor valor
24 distritos – 0% (Jaguara, Belém, Jardim Paulista, Barra Funda, Campo Grande, Vila Leopoldina, Jaguaré, Saúde, Perdizes, Santa Cecília, Cambuci, Campo Belo, Ponte Rasa,
Vila Andrade, Vila Sônia, Aricanduva, Vila Medeiros, Cidade Dutra, Brás, Rio Pequeno, Marsilac, Iguatemi, Vila Matilde e Pedreira)

7. Equipamentos públicos de esporte

Número de equipamentos esportivos públicos (municipais e estaduais) de esporte para cada dez mil habitantes, por distrito

Maior valor
Pari – 1,55

Menor valor
12 distritos – 0 (Pinheiros, Jardim Paulista, Bela Vista, Morumbi, Consolação, Sé, Alto de Pinheiros, Vila Leopoldina, Saúde, República, Brás e Marsilac)

8. Violência racial

Coeficiente de pessoas vítimas de violência de racismo e injúria racial para cada dez mil habitantes, por distrito

Menor valor
Campo Limpo – 0,36

Maior valor
Barra Funda – 18,36

Compartilhe este artigo