O Mapa da Desigualdade 2024 revela um cenário alarmante de desigualdade no acesso à saúde em São Paulo: os altos índices de mortalidade materna e infantil em alguns distritos da cidade.
No Brasil, a taxa de mortalidade materna é cerca de 94 por 100.000 nascidos vivos (DataSUS, 2022) e apesar de São Paulo ter melhores indicadores de mortalidade se comparado ao restante do Brasil, média de 43,5/100.000 (Mapa da Desigualdade, 2024), os dados detalhados por distrito permitem análises mais aprofundadas e um olhar mais preciso da realidade da cidade.
Mortalidade Materna
Na Vila Guilherme, a taxa de mortalidade materna chegou a 202 óbitos por 100.000 nascidos vivos, número muito acima da meta da OMS, que é de 70/100.000 até 2030, e do Plano Nacional de Saúde, que busca reduzir para 30/100.000 a longo prazo, além de ser mais que o dobro da taxa nacional.
Dos 96 distritos da cidade, outros 59 também registraram índices elevados e estão acima da meta brasileira, como Perus, República, Vila Matilde e Sé.
Somente 31 distritos não tiveram nenhum óbito materno no período analisado.
Abaixo os dados de mortalidade materna de cada distrito:
No Brasil, em média 3 em cada 4 pessoas dependem integralmente do sistema público de saúde, o que aumenta ainda mais a responsabilidade das prefeituras, estados e do governo federal.
Estudos indicam que até 90% das mortes maternas poderiam ser evitadas por meio de intervenções eficazes (UNFPA Brasil), mas a redução da mortalidade materna precisa de investimento: desde oferecer um pré-natal eficiente, até a acesso a serviços de saúde de qualidade, planejamento familiar adequado e capacitação médica.
Além disso, investir na educação e no empoderamento das mulheres pode garantir mais segurança para gestantes e puérperas.
Panorama geral mortalidade materna
Meta OMS: 70 óbitos por 100.000 nascidos vivos
Meta Brasil: 30 óbitos por 100.000 nascidos vivos
Média Nacional: 94 óbitos por 100.000 nascidos vivos
Média de São Paulo: 43,3 óbitos por 100.000 nascidos vivos
Pior distrito de São Paulo (Vila Guilherme): 202 óbitos por 100.000 nascidos vivos
Melhores distritos de São Paulo (31 distritos): 0 óbitos
Mortalidade Infantil
O índice de mortalidade infantil também reflete as condições de saúde e infraestrutura da cidade.
Em 2023, o município de São Paulo registrou 1.410 óbitos de bebês com menos de um ano. Isso resultou em uma taxa de mortalidade infantil dentro da meta estabelecida pelo Brasil – 10 óbitos a cada 1.000 nascidos vivos. Porém, quando olhamos para os dados isolados, percebemos que 50 distritos estão com os valores acima da meta brasileira. Ou seja: morrem muito mais bebês em alguns distritos do que em outros.
Quando olhamos para as métricas da OMS, que são de 12 óbitos por 1.000 nascidos vivos até 2030, os números também não são animadores: 32 distritos da capital paulista apresentam valores acima da meta.
Dentre os 96 distritos, Guaianases é o que apresenta o pior índice, com 28 óbitos por 1.000 nascidos vivos, enquanto Jaguara não registrou nenhuma morte infantil.
Abaixo os dados de mortalidade infantil de cada distrito:
O acesso deficiente ao pré-natal, complicações neonatais evitáveis e a baixa cobertura vacinal estão entre as principais causas desse problema. Para enfrentar essa realidade, é essencial fortalecer o SUS, garantir atendimento adequado durante a gestação e investir em campanhas de vacinação e acompanhamento infantil.
Panorama geral mortalidade infantil
Meta OMS: 12 óbitos por 1.000 nascidos vivos
Meta Brasil: 10 óbitos por 1.000 nascidos vivos
Média Nacional: 12,2 óbitos por 1.000 nascidos vivos
Média de São Paulo: 10,1 óbitos por 1.000 nascidos vivos
Pior distrito de São Paulo (Guaianases): 28 óbitos por 1.000 nascidos vivos
Melhor distrito de São Paulo (Jaguara): 0 óbitos
Confira também o programa Nossa Cidade, da Rádio Eldorado, sobre o tema: