Mapa da Desigualdade de São Paulo: em 40 distritos da capital vive-se menos de 70 anos

Diferença da idade média ao morrer em Cidade Tiradentes e Alto de Pinheiros chega a 20 anos; Sé é o lugar mais violento e o que mais emite poluentes na cidade; em 24 distritos não há equipamento público de cultura

O Instituto Cidades Sustentáveis e a Rede Nossa São Paulo lançaram o Mapa da Desigualdade de São Paulo 2025 no dia 27 de novembro, em evento presencial e gratuito no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.

Produzido há mais de 10 anos, o Mapa da Desigualdade de São Paulo mostra a oferta de serviços e infraestrutura urbana em cada distrito da cidade, além de dados que refletem a qualidade de vida da população nessas localidades. Desse modo, é possível observar a desigualdade entre os territórios da capital em diferentes temas e indicadores, e apontar os desafios e prioridades de investimento do poder público.

Durante o evento, Igor Pantoja, coordenador de Relações Institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis e da Rede Nossa São Paulo apresentou os dados atualizados de 12 indicadores dos 96 distritos da capital paulista, divididos em diferentes áreas temáticas: saúde, habitação, trabalho e renda, mobilidade, direitos humanos, cultura, infraestrutura digital, segurança pública e meio ambiente.

A programação seguiu com mediação de Manoela Cruz e a participação de Mateus Muradás, co-fundador da Frente Periférica e integrante do Fórum Social da Zona Leste e Eduardo Suplicy, deputado estadual de São Paulo (PT). Os convidados aprofundaram o debate sobre a importância da formulação de políticas públicas que contemplem as demandas da população, especialmente das periferias, além de temas como distribuição de renda e combate às desigualdades.

Na edição 2025, Cidade Tiradentes aparece como o local onde se vive menos na capital. A idade média ao morrer no distrito do extremo da Zona Leste é de 62 anos; Alto de Pinheiros é o lugar onde se vive mais (82 anos). Em 41 distritos, o indicador é inferior a 70 anos – a maioria está localizada nas periferias da cidade.

Idade média ao morrer: distritos que apresentam os melhores e piores indicadores nos últimos três anos

Cidade Tiradentes também apresenta o maior percentual de grávidas adolescentes: 11% dos bebês nascidos vivos no distrito têm mães com 19 anos ou menos. No Jardim Paulista, o melhor distrito, o indicador é de 0,14%. Em seguida, aparecem Itaim Bibi (0,26%), Pinheiros (0,39%) e Moema (0,4%).

Gravidez na adolescência: distritos que apresentam os melhores e piores indicadores nos últimos três anos

Veja abaixo outros destaques do Mapa da Desigualdade de São Paulo 2025:

Velocidade média (km/h) dos ônibus

Em minutos, no pico da manhã. Média ponderada do tempo de viagem estimado das viagens realizadas pelos usuários de cada distrito

Maior valor

Marsilac – 25,5 km/h

Menor valor

Capão Redondo – 15,4 km/h

Remuneração média do emprego formal

Massa salarial nominal (R$) ÷ Número absoluto de empregos formais

Itaim Bibi – R$ 8.274,57

Pari – R$ 1.232,21

Emissão de poluentes atmosféricos

Emissão de material particulado associada às viagens de ônibus, gerado por combustão e por desgaste de pneus, freios e pistas (kg), sobre área do distrito paulistano onde a emissão ocorreu (km²), para um dia útil típico do ano de 2024

Marsilac – 0

Sé – 1,44

Equipamentos públicos de cultura

Número de equipamentos públicos de cultura (municipais), para cada cem mil habitantes, por distrito

República – 24,6

24 distritos – 0 (Aricanduva; Barra Funda; Belém; Brás; Cambuci; Campo Belo; Campo Grande; Cidade Dutra; Iguatemi; Jaguara; Jaguaré; Jardim Paulista; Marsilac; Pedreira; Perdizes; Ponte Rasa; Rio Pequeno; Santa Cecília; Saúde; Vila Andrade; Vila Leopoldina; Vila Matilde; Vila Medeiros; Vila Sônia).

Homicídio

Número total de óbitos por causas externas (homicídio e intervenção legal) ÷ População total residente do distrito x 100.000

Quatro distritos (Consolação, Socorro, Lapa e Vila Sônia) – 0

Sé – 25,2

Violência racial

Coeficiente de pessoas vítimas de violência de racismo e injúria racial para cada dez mil habitantes, por distrito

São Rafael – 0,75

Sé – 13,79

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