Por Felipe Souza
Apesar de proibição em corredores de ônibus em horário de pico, veículos poderão rodar em algumas pistas à direita
Tráfego também será livre na Corifeu e na Sumaré; multas por uso de corredor no pico começam em 14 de abril
A partir de segunda-feira, os táxis estarão proibidos de circular pelos corredores de ônibus da capital nos horários de pico –das 6h às 9h e das 16h às 20h em dias úteis.
Poderão, no entanto, circular com passageiros em algumas faixas exclusivas –que ficam no lado direito das vias, e não à esquerda, e onde hoje eles são vetados.
As novas regras foram anunciadas ontem pela gestão Fernando Haddad (PT) e pelo Ministério Público.
Os táxis com passageiros são autorizados a circular em corredores municipais à esquerda desde 2004. Agora, só estarão liberados fora dos picos ou aos finais de semana.
Embora a restrição comece na segunda, dia 17, as multas serão aplicadas só a partir do dia 14 de abril –segundo a prefeitura, para que a nova sinalização esteja pronta.
Por outro lado, os taxistas tiveram uma reivindicação atendida e poderão usar a partir de segunda, sem restrição de horários, as faixas exclusivas de ônibus à direita do corredor norte-sul (23 de Maio) e das avenidas Corifeu de Azevedo Marques, Sumaré e Indianópolis, além das marginais Tietê e Pinheiros.
A pressão por mudanças nas regras de circulação dos táxis nas pistas de ônibus existe há quase uma década e foi acentuada em 2013.
Na época, a Promotoria pediu para vetar os táxis nos corredores e ameaçou entrar com ação contra a prefeitura.
Os defensores dos táxis argumentam que eles aproveitam um espaço ocioso e que têm um papel importante em qualquer grande metrópole.
Entre 2007 e 2012, as viagens de táxis na Grande São Paulo aumentaram 55%.
Os opositores alegam que a prioridade deve ser dos ônibus –e que a entrada e saída de táxis prejudica os coletivos.
No ano passado, a SPTrans (empresa municipal) apresentou um estudo apontando a redução na velocidade dos ônibus nos corredores.
Uma simulação na av. Rebouças mostrou que a velocidade dos coletivos caía de 24,4 km/h para 17,1 km/h quando a pista era compartilhada com veículos particulares.
Os taxistas questionam a nova restrição nos corredores –e temem desestímulo ao uso desse tipo de transporte. Protestos já são articulados para os próximos dias.
A liberação em algumas faixas exclusivas, no entanto, atenuou as resistências –por ser uma antiga reivindicação da categoria.
"A gente vai se reunir para discutir alguns pontos divergentes, mas já estamos programando uma manifestação no dia 21 deste mês contra a restrição ao nosso trabalho", afirma Antonio Matias, presidente de um dos sindicatos dos motoristas de táxi.
Coordenador de um dos pontos de táxi da av. Ibirapuera (zona sul), Anísio Pereira da Silva diz que a decisão prejudica quem deixa seu carro em casa nos dias de rodízio.
"Os passageiros que trabalham na avenida Paulista, por exemplo, preferem ir de táxi a pagar estacionamento", diz.
Para Ailton Brasiliense, presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos, a decisão foi correta. "No horário de pico você deve dar prioridade ao transporte público, e o táxi retarda o ônibus, aumenta o tempo de viagem e reflete na tarifa", afirma.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo