Inovação foi anunciada pela nova Mesa Diretora do Legislativo paulistano a representantes de organizações da sociedade civil. As transmissões ao vivo poderão ser acessadas pelo portal da Casa
Airton Goes airton@isps.com.br
A partir de agora, as audiências públicas e reuniões das comissões realizadas na Câmara Municipal de São Paulo terão transmissão ao vivo pela internet. A informação foi dada por integrantes da nova Mesa Diretora da Casa a representantes de organizações da sociedade civil que acompanham o trabalho dos vereadores, em reunião realizada nesta quarta-feira (2/2).
De acordo com as explicações dadas durante o encontro, para ter acesso às transmissões, o internauta deverá acessar o espaço “Auditórios online”, no portal do Legislativo paulistano, e clicar na sala onde está sendo realizado o evento. Para que o cidadão possa se programar e acompanhar os debates pela internet, as audiências públicas e reuniões ordinárias das comissões deverão ser divulgadas com antecedência no link Agenda da Câmara.
Na fase inicial, o sistema permitirá que 300 internautas acompanhem simultaneamente as transmissões. “Vamos ampliar o volume de acessos de acordo com a demanda”, adiantou o presidente da Câmara, José Police Neto (PSDB), que já alertou para possíveis problemas, caso o número de pessoas conectadas supere o limite previsto: “O sistema vai cair, mas vocês não podem desistir.”
A assessoria da Casa esclareceu que não houve gastos em equipamentos para implantar a inovação e que o custo anual das transmissões será de aproximadamente R$ 7.000,00.
Transmissão online integra iniciativas para ampliar participação da sociedade, diz presidente
“Este trabalho [de possibilitar a transmissão das reuniões e audiências ao vivo pela internet] foi pensado para atender uma demanda histórica da sociedade civil, para que ampliássemos a oferta de informações em tempo real dos trabalhos da Câmara Municipal”, afirmou Police Neto, que aproveitou o encontro com os representantes das entidades para anunciar outras três medidas que visam ampliar a participação da sociedade e qualificar o processo legislativo.
A criação da Escola do Parlamento, a decisão do Centro Paula Souza de implantar o curso de técnico legislativo e a parceria celebrada com a União Nacional dos Estudantes (UNE) “para levar a Câmara Municipal aos centros universitários” foram as iniciativas divulgadas pelo presidente da Casa. “O esforço que vamos fazer na Escola do Parlamento é trazer todos aqueles que estudam a cidade para fortalecer o processo legislativo”, destacou Police Neto.
Netinho de Paula (PCdoB), primeiro secretário da Mesa Diretora, reforçou que uma das primeiras preocupações da nova direção é aproximar a Câmara da população. “Queremos que a sociedade venha participar do legislativo municipal”, garantiu.
Ele disse que os vereadores se sentem numa posição incômoda com os resultados negativos para o parlamento revelados pela pesquisa de percepção dos paulistanos, referindo aos Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município – IRBEM divulgados recentemente pela Rede Nossa São Paulo. “Isso [implantação do novo serviço de transmissão online dos eventos] é o maior exemplo de que queremos oferecer a maior transparência possível para a população”, declarou Netinho de Paula.
Jamil Murad, também do PCdoB, e Claudio Prado, do PDT, também afirmaram que o Legislativo paulistano pretende ser mais democrático, transparente e aberto à participação popular.
Participaram da reunião com os vereadores representantes de diversas organizações da sociedade, entre os quais: Maurício Broinizi e Odilon Guedes, da Rede Nossa São Paulo; Sônia Barbosa, do Voto Consciente; e Cláudio Vieira, do Projeto Adote um Vereador.
De modo geral, os integrantes da sociedade civil receberam bem as medidas anunciadas e fizeram algumas sugestões. “Em uma cidade do tamanho de São Paulo, as audiências, para serem públicas, precisam ser anunciadas no Rádio e na TV”, propôs Odilon Guedes, coordenador do GT Orçamento da Rede Nossa São Paulo.
Maurício Broinizi, coordenador da Secretaria Executiva da Rede, considerou que as medidas anunciadas são sinalizações positivas para a sociedade e estimulou os vereadores a ampliarem as mudanças. “Nós gostaríamos muito que nas próximas pesquisas a avaliação das instituições políticas melhore”, disse Broinizi.
A pesquisa sobre a percepção dos moradores da cidade, que inclui os Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município – IRBEM, revelou que a Câmara Municipal é a instituição menos confiável para os paulistanos: apenas 36% dos pesquisados disseram confiar no Legislativo paulistano.
Os resultados completos da pesquisa estão disponíveis no portal da Rede Nossa São Paulo.