Movimento Passe Livre e Conselho da Cidade solicitam que prefeito revogue reajuste

Após ouvir os integrantes do MPL e os conselheiros, Haddad afirma que irá refletir sobre o assunto antes de dar uma resposta. Segundo ele, para revogar o aumento e congelar a tarifa serão necessários R$ 2,7 bilhões

Airton Goes airton@isps.org.br

Em reunião ocorrida nesta terça-feira (18/6), na sede da Prefeitura Municipal de São Paulo, representantes do Movimento Passe Livre (MPL) reafirmaram a reivindicação para que o prefeito revogue o aumento da passagem de ônibus, que passou de R$ 3,00 para R$ 3,20 no início deste mês. Os integrantes do Conselho da Cidade – que foi convocado extraordinariamente para também participar do encontro – apoiaram a demanda, solicitando que esse seja o primeiro passo para uma ampla discussão entre sociedade e poder público sobre as questões que envolvem o transporte e a mobilidade na cidade.

Além da demanda pela revogação do reajuste, um dos representantes do Movimento Passe Livre e alguns conselheiros defenderam a elaboração, com a ampla participação da sociedade, de um Plano Municipal de Mobilidade e Transportes Sustentáveis.

A elaboração do plano é uma das propostas apresentadas pela secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo durante a reunião. O documento, com as sugestões para melhorar o transporte e a mobilidade na capital paulista, foi entregue aos conselheiros e representantes do poder público.

Maurício Piragino, o Xixo, da Escola de Governo e coordenador do grupo de trabalho (GT) Democracia Participativa da Rede, defendeu a suspensão do aumento e abertura de uma ampla discussão sobre as alternativas de financiamento da tarifa dos transportes públicos da cidade.

Outro conselheiro, Luciano Santos, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, repudiou a violência e repressão policial. Ele defendeu a participação democrática da população nos destinos da cidade e, nesse sentido, demandou a instalação de três conselhos municipais: de Transportes, de Transparência e o de Representantes nas Subprefeituras.

Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP, argumentou que a cidade de São Paulo está doente, “mas tem cura”. Segundo ele, a capital paulista pode economizar muito ao melhorar o transporte público. “Temos que pensar em quanto ganharemos ao baixar a tarifa e não o quanto perderemos”, ponderou.

Logo após as intervenções dos conselheiros, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, apresentou o documento "Diretrizes da Política de Transporte Coletivo em SP". Entre outras informações, ele argumentou que, se não houvesse o sistema do Bilhete Único, o preço real da tarifa de ônibus, para cada viagem, seria de R$ 2,16.

 

Prefeito diz que irá refletir antes de responder

Após ouvir os integrantes do Movimento Passe Livre e os integrantes do Conselho da Cidade, o prefeito Fernando Haddad afirmou que irá refletir sobre as solicitações antes de dar uma resposta.

Ele considerou, entretanto, que a cidade precisa ser bem informada sobre as alternativas que estão em debate. “Não posso deixar de dizer das consequências de cada decisão que a gente tomar”, declarou ele, destacando que a redução da tarifa, de R$ 3,20 para R$ 3,00, e o seu congelamento nesse valor representarão um gasto adicional de R$ 2,7 bilhões para a Prefeitura até 2016. “Esse dinheiro terá que sair de algum lugar”, pontuou.

As declarações foram interpretadas por diversos participantes da reunião como uma sinalização de que Haddad poderá atender a solicitação dos representantes do movimento e dos conselheiros, e revogar o reajuste nos próximos dias.

O prefeito garantiu que voltará a se reunir com os integrantes do Movimento Passe Livre ainda esta semana. Estes, por sua vez, afirmaram que enquanto não houver a revogação do aumento da passagem as manifestações continuam.  

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