Por Tatiana Babadobulos
Prefeitura procura edifício vizinho do Minhocão para receber compensação por árvore cortada por construtoras. O jardim vertical será implantado nas chamadas empenas cegas (faces sem janelas) das construções. Entre as alegações, está o fato de a área verde proporcionar diminuição de calor no entorno e da poluição sonora.
Este também é um jeito encontrado para que as construtoras possam fazer compensação ambiental, uma vez que, segundo elas, atualmente faltam mudas e espaços na cidade.
A escolha entre os 140 edifícios localizados a uma quadra do elevado Costa e Silva será feita pela Câmara Técnica de Compensação Ambiental (CTCA) com base na melhoria da paisagem urbana para a população moradora do entorno e motoristas que trafegam no Minhocão. Em março, a prefeitura baixou decreto (55.994), que permite a conversão da compensação em obras e serviços, jardins verticais e coberturas verdes.
Para chamar a atenção da cidade, em 2013 o Movimento 90º implantou o jardim vertical no edifício Honduras, localizado no largo Pe. Péricles. "O ideal seria começar com o Minhocão, porque lá tem uma grande concentração de empenas cegas no entorno, o que geraria 58 mil m2 de área verde. Somado a isso, lá circulam 120 mil veículos por dia", diz Guil Blanche, paisagista titular do Movimento 90º. Ele lembra que a região tem um dos piores índices de área verde da cidade.
Antes de implantar o projeto, a equipe procurou todos os 140 condomínios no entorno do Minhocão. "Quando começamos a conversar, ninguém queria, achava que era complexo. Quando levamos para a Vila Madalena, os moradores viram que a parede onde o jardim ficou estava impecável e que o jardim não oferece nenhum risco." Segundo Blanche, pelo menos dez condomínios devem se candidatar ao "chamamento da prefeitura".
Para implantar 10 mil m2 de jardim vertical (média de 20 edifícios), são necessários R$ 9 milhões.
Procurada pela reportagem, a prefeitura não soube dizer quando o projeto começa a ser implantado.
Os interessados devem entregar a carta de intenção na própria secretaria (rua do Paraíso, 387/389, térreo, das 9h às 16h).
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo