Transposição do Rio Guaió para o Sistema Alto Tietê havia sido anunciada por Alckmin para maio, mas deve ser concluída em junho.
Por Fabio Leite
Segunda obra emergencial da crise hídrica prevista para este ano, a transposição de água do Rio Guaió para o Sistema Alto Tietê, na Grande São Paulo, não será concluída dentro do prazo anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Em fevereiro, quando deu início à construção de uma adutora de 9 km e uma estação de bombeamento para levar 1.000 litros por segundo do Guaió para a Represa Taiaçupeba, ambos em Suzano, Alckmin prometeu entregá-la em maio.
Responsável pela obra, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informa agora que o empreendimento "está em fase de conclusão e será entregue nos próximos dias", em junho.
O volume adicional de 1.000 l/s previsto no Guaió equivale ao consumo de cerca de 300 mil pessoas em condições normais de abastecimento e de 400 mil na atual situação de racionamento, segundo a Sabesp.
O objetivo desta obra é semelhante ao da transposição de 4 mil l/s do Sistema Rio Grande, braço limpo da Represa Billings, para a Taiaçupeba, que está três meses atrasada e é considerada a principal ação emergencial para evitar o rodízio de água na Grande São Paulo.
Ambas vão aumentar em 5 mil l/s a entrada de água no Sistema Alto Tietê, que também sofre com escassez – apenas 22,4% da capacidade nesta sexta-feira, 29. Por causa da falta de água em suas represas, o manancial está com a produção parcialmente ociosa.
Com o acréscimo previsto com as obras, a Sabesp pretende aumentar a produção do Alto Tietê para o limite máximo de 15 mil l/s e, dessa forma, atender bairros que ainda são abastecidos pelo Sistema Cantareira, o mais crítico.
Atualmente, o Alto Tietê abastece cerca de 4,5 milhões de pessoas em parte da zona leste da capital e nas cidades de Suzano, Mogi das Cruzes, Ferraz de Vasconcelos, Poá, Itaquaquecetuba e Arujá e parte de Guarulhos.
No dia 27 de janeiro deste ano, a Sabesp entregou a ampliação da transferência de água do córrego Guaratuba para o Alto Tietê de 500 para 1.000 l/s, a primeiro obra emergencial concluída neste ano. O córrego Guaratuba nasce na Serra do Mar e deságua em Bertioga, no litoral norte.
A Sabesp também pretende concluir em junho a ampliação da capacidade de produção do Sistema Guarapiranga de 15 mil para 16 mil l/s para reduzir ainda mais a dependência da Grande São Paulo do Cantareira. A partir de setembro, a Sabesp terá de reduzir a produção de água do manancial em crise dos atuais 13,5 mil l/s para 10 mil l/s, por determinação dos órgãos reguladores do sistema.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo