Invasão de escolas estaduais atinge ao menos 26 mil alunos em SP

POR FELIPE SOUZA E JULIANA GRAGNANI – FOLHA DE S. PAULO

O movimento de alunos contra as mudanças na rede estadual anunciadas pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB) se espalhou e já afeta as aulas de pelo menos 26 mil estudantes em 25 colégios invadidos, segundo a secretaria da Educação.

Os manifestantes protestam contra a intenção do governo estadual de dividir parte das unidades por ciclos únicos (anos iniciais e finais do fundamental e o médio).

Para isso, a gestão tucana deve viabilizar em 2016 o fechamento de 92 escolas e o remanejamento de cerca de 300 mil alunos –a rede tem 5.147 escolas e 3,8 milhões de estudantes. Ao todo, 754 unidades terão só um ciclo no Estado.

O plano sofreu uma derrota na Justiça nesta segunda (16). Uma decisão em caráter liminar (provisório) suspendeu o fechamento da escola Braz Cubas, em Santos, a pedido da Defensoria Pública e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

As instituições argumentavam, entre outros pontos, que o governo não poderia fechar uma referência na educação de crianças com deficiência.

A decisão determina que a escola continue funcionando até que seja provada "a real necessidade do encerramento de suas atividades".

Na semana passada, o governo já havia recuado da decisão de fechar outro colégio, na zona rural de Piracicaba (a 160 km de SP), após mães procurarem a Promotoria.

O recuo foi decidido em acordo com a pasta da Educação. As famílias apontaram que os alunos teriam que se deslocar 8 km até a escola para a qual seriam transferidos.

MANIFESTAÇÕES

Uma das primeiras escolas tomadas pelos alunos, a Fernão Dias Paes, em Pinheiros (zona oeste), recebeu nesta segunda-feira mães de estudantes que não participam da invasão. Elas foram para lá em busca de informações sobre a situação das aulas.

A empregada doméstica Ivone Moreira perguntou se a diretora estava na escola. "A diretoria somos nós", respondeu um estudante. Ivone diz ser favorável ao movimento, mas faz ressalvas: "Por que não fazem em outro lugar? Assim atrapalham as aulas".

"Vim ver quando começam as aulas. Tenho que me programar porque não tem quem fique com meu filho", disse Adriana Cruz, também empregada doméstica.

Elas e outras mães foram convidadas pelos alunos para uma espécie de "visita guiada" pelo colégio. Francilene Melo, técnica de enfermagem, saiu dizendo estar impressionada: "Pensei que havia vandalismo, mas não tem nada quebrado", disse.

Fotógrafos receberam permissão dos alunos para registrar o interior do prédio, mas tiveram que mostrar as fotos para eles depois –imagens com rostos tiveram de ser apagadas. Os alunos dizem querer preservar a imagem dos menores de idade.

O fotógrafo da Folha teve a entrada vetada em uma sala.

Matéria publicada originalmente na Folha de S. Paulo.

 

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