Secretário de Transportes diz que ramal precisou de ajustes em viaduto; demora de repasse do PAC também afetou construção
FABIO LEITE E RAFAEL ITALIANI – O ESTADO DE S. PAULO
A linha de trem que vai ligar a zona leste de São Paulo ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, ficou R$ 101 milhões mais cara e só deve ser concluída em 2019, cinco anos após a previsão inicial. Este é o terceiro atraso no cronograma de entrega da Linha 13-Jade da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em pouco mais de um ano. A estimativa é de que ela transportará cerca de 120 mil passageiros por dia.
Prometida para a Copa do Mundo de 2014, a conclusão da linha já havia sido adiada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) em novembro daquele ano para 2016. No início de 2015, o prazo foi prorrogado para 2017 e, agora, para 2019. Serão 12,2 quilômetros de extensão, fazendo conexão com a Linha 12-Safira (Brás-Calmon Viana) na Estação Engenheiro Goulart, zona leste, e duas novas estações, incluindo uma ao lado do aeroporto.
Segundo o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, o custo adicional e o novo atraso foram provocados pela demora nos processos de desapropriação de imóveis e por causa de ajustes em um dos viadutos da futura linha, que terá cerca de 8,8 km de trilhos em vias elevadas. As obras tiveram início em dezembro de 2013, já com atraso de nove meses, com prazo de execução de 18 meses.
Ele afirma que o trecho que passa sobre a Rodovia Ayrton Senna vai precisar ser alargado porque a estrada ganhou uma quinta faixa de rolamento para melhorar o fluxo de veículos, dois meses antes do início da obra, em setembro de 2013. “É uma obra relativamente complexa”, disse Pelissioni, referindo-se ao traçado que passa ao lado do Parque Ecológico do Tietê. A linha também passará por cima da Via Dutra e do Rio Tietê e deve custar ao menos R$ 1,9 bilhão, incluindo a compra dos oito trens com oito carros cada.
Recurso federal
O secretário de Alckmin também culpou a falta de repasses para a obra previstos pelo governo federal. O Ministério das Cidades havia prometido R$ 250 milhões para financiar parte da Linha 13. “O prazo tem relação com a demora das desapropriações e nós também tivemos o problema da não vinda dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”, disse.
Ele afirmou que, por causa da demora do envio da verba, a secretaria desistiu do dinheiro federal para o projeto e fez empréstimo no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já estava disponível para reformas de estações da CPTM.
A verba do PAC, segundo Pelissioni, vai ser usada agora para deixar as estações acessíveis. Além de duas novas estações (Guarulhos-Cecap e Aeroporto), a CPTM vai ampliar a Estação Engenheiro Goulart, da Linha 12-Safira. O Ministério das Cidades informou que o governo estadual desistiu de usar o recurso no projeto de construção da linha, mas a verba federal continua disponível para a área de mobilidade.
Lotes
Os dois aditivos com a prorrogação do prazo de entrega e o aumento do custo da obra foram assinados no dia 19 de fevereiro pela CPTM com o consórcio CST, formado pelas empresas Consbem, Serveng Civilsan e TIISA e responsável pelos lotes 2 e 4 da Linha 13. No primeiro deles, o prazo foi prorrogado por mais 34 meses a partir deste mês, ou seja, até janeiro de 2019, e o valor ampliado em R$ 61,2 milhões, 18,1% a mais do que o previsto.
No lote 4 do ramal, o custo da obra subiu R$ 40,3 milhões, ou 19,1% a mais do que os R$ 210,8 milhões assinados em setembro de 2013, e o prazo de entrega do trecho foi postergado em 26 meses, ou seja, para maio de 2018, segundo os extratos publicados pela CPTM no Diário Oficial do Estado no dia 24 de fevereiro.
O especialista em transporte sobre trilhos e consultor da área Peter Alouche afirmou que os atrasos ocorrem porque “as obras têm projetos longos, em tempo de execução, e amadurecem durante a construção” das linhas. Segundo ele, isso acontece tanto nos projetos da CPTM como nos do Metrô. “No meio do caminho, os departamentos técnicos da companhia e das empreiteiras identificam avanços que podem ser feitos”, afirmou Alouche.
Matéria publicada originalmente no jornal O Estado de S. Paulo.