TATIANA CAVALCANTI, DO "AGORA"
O total de mortes em acidentes na capital paulista cresceu 12,3% em maio deste ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Foram 91 mortes, contra 81 no mesmo mês do ano passado. Os pedestres seguem sendo as maiores vítimas, e o número de mortos atropelados também teve alta.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (19) pelo Infosiga, banco de dados do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, ligado ao governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Do total de mortes no mês passado, 49 foram de pedestres. Em 2016, no mesmo mês, foram 38 mortes, o que representa alta de 28%.
Os motociclistas vêm logo na sequência: foram 26 mortos em maio deste ano, contra 22 no ano passado, uma alta de 18%. No mesmo período, aconteceram quatro mortes de ciclistas, contra duas no ano passado.
Os dados apontam que é a maior alta mensal de mortes em acidentes desde que o prefeito João Doria (PSDB) aumentou as velocidades nas marginais Tietê e Pinheiros, no final de janeiro.
Em maio houve duas mortes na marginal Pinheiros. As vítimas eram mulheres. Uma delas, adolescente, morreu em acidente de automóvel, à noite, em uma colisão próxima à rua Engenheiro Mesquita Sampaio, em Santo Amaro (zona sul). Na mesma região, a outra morreu em uma moto após um choque de madrugada. A idade não foi divulgada.
O número total de mortes teve redução no acumulado entre janeiro e maio: de 409 para 399 (queda de 2,4%).
ESTADO
O Infosiga de maio aponta que também houve aumento de mortes em acidentes no Estado (505 em 2016, 518 em 2017, alta de 2,6%).
No acumulado do ano, porém, também há redução de óbitos (2.398 contra 2.266, redução de 5,5% –ou 132 mortes a menos).
O número de acidentes com vítimas também caiu: de 16.644 ocorrências, em maio do ano passado, para 15.825 (-4,9%).
Campinas (a 93 km de São Paulo) é a segunda cidade com mais mortes no trânsito. Lá, houve redução em maio. De 18 no ano passado para 14 neste ano.
MUDANÇAS
O especialista em segurança de trânsito Horácio Figueira afirma que os números do Infosiga mostram que é preciso mudar a fiscalização na capital. "É preciso que ela seja aleatória e em toda a cidade, não apenas na região central e arredores, aumentar o tempo de travessia para pedestres e reduzir velocidades nas marginais."
Para Dirceu Rodrigues Alves Junior, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), os dados de mortes de pedestres preocupam. "Não vejo atitudes governamentais para mudar essa realidade trágica", afirma o especialista.
OUTRO LADO
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), da gestão João Doria (PSDB), afirmou, assim como fez em relação a dados anteriores, que não comenta "um estudo feito por outro órgão". Apesar disso, diz que "os dados do Infosiga são mais uma contribuição para a análise dos acidentes ocorridos na cidade".
A CET afirmou que, de janeiro a abril, houve redução de acidentes e de mortes nas marginais, em relação ao mesmo período de 2016.
"Esclarecemos que no ano, a CET registrou onze mortes nas marginais Tietê e Pinheiros, sendo um atropelamento de pedestre e dez mortes envolvendo motociclistas. Mais de 80% dos acidentes com vítimas nas marginais envolvem motos. De acordo com os registros, nenhum desses acidentes teve relação com a velocidade dos veículos envolvidos."
Matéria publicada na Folha de S. Paulo.
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