DA REDAÇÃO – CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO
O limite de velocidade nas marginais Pinheiros e Tietê continua dividindo opiniões. Durante Audiência Pública realizada nesta segunda-feira (19/6) pelas comissões de Política Pública e de Trânsito da Câmara Municipal de São Paulo, especialistas e representantes da Prefeitura discordaram sobre qual seria o mais adequado para garantir a segurança de todos.
A polêmica sobre a velocidade começou ainda durante a gestão de Fernando Haddad (PT), quando ele decidiu reduzir o limite nas vias. No entanto, o atual prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), implementou o Programa Marginal Segura – aumentando a velocidade em alguns trechos das vias.
O Secretário Municipal de Mobilidade e Transportes, Sérgio Avelleda, argumentou que “as vias têm condição para aumentar a velocidade”. De acordo com ele, a pasta buscou os projetos das marginais para entender a engenharia de tráfego e analisar os problemas.
“Reconhecemos que a pista local não deveria ter a velocidade elevada. Disponibilizamos novas motocicletas, viaturas leves (furgões) e picapes para aumentar a fiscalização, guinchos para retirar os veículos quebrados, e melhoramos o monitoramento por câmeras e a sinalização”, disse.
Para Horácio Figueira, mestre em engenharia de transportes pela USP (Universidade de São Paulo), as marginais Pinheiros e Tietê não atendem os critérios para serem consideradas expressas. “Precisaria ter acostamento e fechar todas as entradas para que isso acontecesse”.
Gilberto de Carvalho, representante da Associação Cidadeapé, pela Mobilidade a pé em São Paulo, chamou a atenção para os riscos que a elevação da velocidade pode trazer para a população. “Grande parte dos acidentes está relacionada ao aumento da velocidade. Por exemplo, ao dirigir mais rápido, o condutor reduz a visão lateral”, opinou.
O pesquisador em Mobilidade Urbana do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Rafael Calabria, concordou. “A nossa defesa é para redução da velocidade e a continuidade dessas medidas de fiscalização e sinalização”, acrescentou.
O representante da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio, acredita que a Prefeitura precisa aumentar o debate sobre velocidade em todas as ruas. “É necessário rever essa medida e aumentar a segurança nas marginais”, sugeriu.
Para um dos autores da ação que tentou vetar a redução da velocidade implantada em 2015, o presidente da Comissão de Trânsito da OAB-SP, Maurício Januzzi, admitiu que a redução trouxe resultados bons. No entanto, independentemente da velocidade, é necessário “o contínuo e eficaz investimento em educação de trânsito”.
O vereador José Police Neto (PSD), integrante da Comissão de Política Urbana, defende a redução das velocidades. “O nosso desafio é transportar com maior segurança e não com maior velocidade”, disse.
O vereador Camilo Cristófaro (PSB), da mesma Comissão, discordou dos participantes da Audiência Pública. “A velocidade nas marginais poderia ser até maior, desde que a camada asfáltica fosse revista e a sinalização melhorada”, contrapôs.
O presidente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), João Octaviano Neto, rebateu os participantes. “Os dados demonstram que a velocidade é um dos fatores de risco no trânsito e se os controlarmos não precisamos ter receio de enfrentá-los. Não tem argumentos para serem contrários ao aumento da velocidade, o que tem é uma passionalização do tema”, argumentou.
Para ele, é necessário levar em consideração que as marginais são importantes e precisam ser usadas adequadamente. “As vias devem ter o uso de acordo como foram projetadas. Isso exige esforço de sinalização, educação e engenharia de tráfego”, acrescentou.
O vereador João Jorge (PSDB) elogiou a participação de todos e mostrou-se a favor do Programa Marginal Segura. “Os técnicos apontaram uma série de ações para evitar o aumento de acidentes quando as velocidades foram elevadas. Precisamos aguardar os dados durante esse ano para retomar o debate”, explicou.
O presidente da Comissão de Trânsito, vereador Senival Moura (PT), agradeceu a participação de todos. “O nosso papel é discutir políticas públicas de preservação das vidas”, disse.
Matéria publicada no portal da Câmara Municipal de São Paulo.