Juntos, os 10% mais ricos recebem o mesmo que os 80% mais pobres
POR CÁSSIA ALMEIDA – O GLOBO
O Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, viu a desigualdade ficar estagnada em 2017. O Índice de Gini, que quanto mais próximo de um mostra que a renda na região é mais concentrada, ficou em 0,549, a mesma de 2016. O agravante foi que apenas na Região Sudeste houve queda nesse indicador. A concentração de renda aumentou no Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste, mostrou o IBGE nesta quarta-feira, ao divulgar o comportamento do rendimento de todas as fontes em 2017, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc).
ANÁLISE: Nem inflação baixa evitou perda de renda dos mais pobres
Pela primeira vez, é possível avaliar a evolução da desigualdade recente, já que os dados sobre todas as rendas na atual metodologia da Pnad passaram a ser compilados apenas a partir de 2016.
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Em 2017, houve queda de 0,56% no rendimento de todas as fontes, que inclui além dos salários, aposentadorias, pensões, benefícios sociais como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC), passando de R$ 2.124 em 2016 para R$ 2.112 em 2017. Nos rendimentos do trabalho, a queda foi mais intensa, de 1,36%. Mais intensa ainda entre os que ganham menos. Entre os 50% mais pobres, o recuo foi de 2,45%. Essa massa de 43,4 milhões de trabalhadores passou a ganhar R$ 754, valor 20% menor que o salário mínimo vigente no ano passado de R$ 937.
A massa de rendimentos mensal domiciliar per capita foi estimada em R$ 263,1 bilhões, mas altamente concentrada. Juntos, os 10% mais ricos recebem o mesmo que os 80% mais pobres da populaçao. Com isso, 12,4 milhões de pessoas concentram a renda equivalente a de quase 100 milhões pessoas (99,6 milhões).
Leia matéria completa, com outras informações sobre desigualdade no Brasil, apuradas pelo IBGE e divulgadas no jornal O Globo.