Os resultados da pesquisa “Viver em São Paulo: Meio Ambiente”, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, foram apresentados em evento realizado no Sesc Itaquera, no dia 15 de maio. O encontro contou debate sobre o tema e apresentação do Coletivo Estopô Balaio.
A pesquisa “Meio Ambiente” faz parte dá série “Viver em São Paulo”, iniciada em 2018. Os estudos são apresentados mensalmente, com recortes temáticos.
Durante o evento, Eduardo Ferreira de Paula, integrante da Coordenação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), ressaltou a desvalorização do trabalho dos catadores e das cooperativas por parte da prefeitura. “Estão querendo acabar com os catadores, não tem investimento nas cooperativas”, disse. Mas lembrou que “a coleta seletiva começou na cidade com os catadores”. Ferreira afirmou ainda: “Tudo aquilo que incomoda a sociedade nós coletamos”.
Outro ponto abordado pelo catador que é, também, fundador da primeira cooperativa de Catadores do Brasil, a Coopamare, foi a contribuição da categoria para a economia da cidade, “geramos emprego e renda”. Elisabeth Grimberg, coordenadora de Resíduos Sólidos do Instituto Pólis e co-promotora da Aliança Resíduo Zero brasil, completou: “A não reciclagem envolve o maior consumo de energia, água, matérias-primas”.
Grimberg tratou também da responsabilidade dos materiais gerados pós-consumo. “Aqui no Brasil, na política nacional, ganhou o nome de logística reversa, mas na Europa é chamada de responsabilidade estendida, que é a responsabilidade estendida do produtor. Por exemplo, a responsabilidade da Coca-Cola, da Nestlé, da Danone, da Unilever se estende após o consumo, por todo o material que é gerado”, explicou.
Continuando na perspectiva do conceito de resíduo zero, a especialista destacou a importância da coleta da fração orgânica. “Entendemos que coleta seletiva é separada da fração orgânica. Já pagamos por isso, é um direito”, disse. Grimberg explicou sobre o uso de composto orgânico em áreas verdes, de conservação e em cinturões verdes da cidade. Porém, essa informação ainda é pouco disseminada. Para Ferreira, “a população não separa os materiais porque não há uma consciência ambiental. Tem que haver mais cooperativas e mais consciência, mas não é interesse da prefeitura”.
Grimberg explicou ainda os impactos da incineração de materiais, os riscos à saúde humana, os gases tóxicos que se dispersam na atmosfera e lembrou: “não existe jogar fora do planeta”.
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