Violência policial em São Paulo

Dois casos de violência policial registrados na Zona Sul da capital paulista reacenderam o debate sobre a letalidade da polícia no estado. Em um dos episódios, na madrugada desta terça-feira, um policial militar foi flagrado jogando um homem do alto de uma ponte em Vila Clara. No outro, em Jardim Prudência, um PM de folga matou um rapaz de 26 anos com oito tiros pelas costas após ele furtar quatro pacotes de sabão em um mercado.

Em São Paulo e no Brasil, esses e outros episódios de violência policial incluem desde abordagens truculentas até extremos, como execuções, muitas vezes justificadas pelo discurso do “combate ao crime”. O fato é que a polícia militar paulista apresenta taxas alarmantes de mortes em confrontos, sendo desproporcionalmente mais letal quando as vítimas são negras.

Dados do Ministério Público de São Paulo apontam que, até novembro deste ano, 673 pessoas foram mortas em ações policiais — 46% a mais do que em 2023. (CNN Brasil, Globo e UOL).

E quando olhamos os dados do Instituto Sou da Paz, nos deparamos com o fato de que a cada três mortes, duas são pessoas pretas.

Os dados refletem na percepção da população, cada vez mais amedrontada por aqueles que deveriam trazer segurança. A Pesquisa Viver em São Paulo – Relações Raciais mostra que 87% da população de pretos e pardos da cidade, sentem que a violência policial atinge mais pessoas negras do que brancas. Porém, ao fazer a mesma pergunta às pessoas brancas, o percentual cai para 77%.

Apesar da diferença de percepção entre brancos e negros, os números são altos. Esse fenômeno evidencia as desigualdades estruturais que atravessam as políticas públicas, o sistema de justiça criminal e a segurança pública.

Como combater a violência policial?

Embora existam esforços para enfrentar a violência policial, como a implementação de câmeras corporais em policiais militares de São Paulo, os avanços ainda são insuficientes diante da magnitude do problema. É essencial que as políticas públicas adotem uma perspectiva antirracista, promovendo mudanças estruturais nas forças de segurança e no sistema de justiça.

Ainda sobre a Pesquisa Viver em SP, 44% dos moradores da Zona Sul da cidade, locais onde ocorreram os episódios recentes de violência policial, acreditam que punições mais severas para agentes da lei que cometem abusos contra pessoas negras deveria ser prioridade para combater o racismo. O percentual é maior do que a média da cidade (39%).

Pesquisa Viver em São Paulo - Relações Raciais traz a percepção dos moradores de como combater o racismo na cidade
Pesquisa Viver em São Paulo – Relações Raciais traz a percepção dos moradores de como combater o racismo na cidade

O fato é que para termos uma cidade que seja segura para todos, independente de raça, de cor, de condição social, é necessário um olhar, um pensar, uma atitude antirracista, vindo de quem deveria proteger e zelar pela vida, e não ceifá-la.

Ouça também o Programa Nossa Cidade da rádio Eldorado FM (107.3) com a participação de Igor Pantoja, coordenador de relações Institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis (veiculado em 05 de dezembro de 2024).

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