Governo estuda mais ônibus de madrugada para levar população; Santa Casa cuidará de consultas posteriores
Fabiana Cambricoli, O Estado de S. Paulo
Lançado oficialmente nesta terça-feira, 10, o programa Corujão da Saúde, proposta da gestão João Doria para zerar a fila de espera por exames na capital, realizará em seu primeiro mês 80 mil exames, o equivalente a 16% da lista de 485 mil pacientes que aguardam esse tipo de atendimento hoje. A promessa de Doria é acabar com a fila em três meses. O custo total do projeto será de R$ 17 milhões.
Segundo o secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara, estão garantidos para os três primeiros meses de programa 240 mil exames. “Serão 80 mil por mês, incluindo hospitais privados, filantrópicos e ampliação da rede própria”, disse. A outra metade da lista não foi agendada porque está em uma de duas situações: ou faz parte da fila há mais de seis meses e terá de passar por reavaliação médica, ou aguarda há menos de 30 dias e entrará no fluxo comum de marcação. Os que passarão por reavaliação médica já estão tendo as consultas agendadas, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, e serão encaminhados para exames no mesmo prazo caso haja necessidade do procedimento.
Nesta terça, três hospitais privados conveniados à Prefeitura começaram a realizar os exames por meio do programa: HCor, que fará 300 exames de tomografia computadorizada; Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que ofertará 7.530 procedimentos, entre tomografias, ressonâncias magnéticas e ultrassonografias; e Hospital Sírio-Libanês, que fará 6.720 procedimentos. O Hospital Albert Einstein ofertará 90 ressonâncias e 270 tomografias a partir da semana que vem.
Segundo a administração municipal, aderiram ao programa ainda os Hospitais Santa Marcelina, Edmundo Vasconcelos, Cepaco e Santa Casa de Santo Amaro, e outros oito já estão em fase de adesão. Também participarão do Corujão quatro redes de laboratórios da capital, entre elas o Lavoisier.
Madrugada
Apesar de ser batizado de Corujão da Saúde, nem todos os exames serão realizados à noite ou de madrugada. No Einstein, por exemplo, os procedimentos serão das 8 às 18 horas. No HCor, os exames começarão às 16 horas. No Sírio, os procedimentos serão marcados para no máximo 21h30. No Oswaldo Cruz, os procedimentos serão 24 horas.
Para facilitar o deslocamento da população, a gestão Doria informou que estuda linhas noturnas de ônibus direcionadas especificamente para os hospitais do programa. Doria ainda afirmou que a prioridade de agendamento será para fora da madrugada.
Outra novidade anunciada nesta terça é sobre o encaminhamento posterior dos beneficiados pelo Corujão. Segundo o governo, será feito um convênio com a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo para as consultas de retorno necessárias a partir de abril. A Santa Casa também fará as consultas de reavaliação daqueles que aguardam na fila há mais de seis meses.
Primeiro dia
Embora prefeito e secretário tenham dito que a prioridade nos agendamentos nos hospitais privados seja de quem está na fila de espera entre 1 mês e 6 meses, o primeiro dia do Corujão tinha pacientes de diferentes perfis. A auxiliar de limpeza Maria das Graças Queiroz da Silva, de 48 anos, por exemplo, passou no médico na AMA da Lapa na sexta-feira com dor de cabeça e recebeu um pedido para tomografia.
Já na segunda-feira foi chamada para o HCor. “Fui premiada porque foi muito rápido. Só que estou esperando um ultrassom de tireoide há quatro meses e para esse não fui chamada.”
Já o porteiro Adeildo Gomes, de 49 anos, esperava desde agosto por uma tomografia e também foi incluído no primeiro grupo de pacientes atendidos pelo Corujão da Saúde. “Tive de remarcar o retorno com o médico porque eu não tinha feito o exame ainda. Agora vou conseguir”, diz ele, morador do Jardim Peri Peri, na zona oeste.
Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
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